SOBRE AS MEDIUNIDADES
Estive pensando sobre esse
assunto ultimamente, daí resolvi escrever para dividir com vocês.
Esse título que coloquei para
definir essas poucas linhas, acabou por despertar em mim um pouco de
contrariedade, porque sempre entendi que mediunidade é mediunidade e
pronto. O que não deixa de ser uma
verdade, mas não uma verdade absoluta, pois como dizia Shakespeare, ”há mais
coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”.
Outra coisa que me motivou para
estudar sobre esse assunto foi o fato de me sentir incomodada com as inúmeras
vezes que escuto alguém falar que a Umbanda não é Espiritismo e vice-versa. Quem
falou isso precisa tentar definir o Espiritismo com uma teoria na qual a
Umbanda não se encaixe, o que considero muito difícil, uma vez que a Umbanda é a
união de todas as bandas dentro da prática do amor e da caridade, sempre com respeito
à relação entre a fé e a ciência.
Decidi, então, arregaçar as
mangas, colocar os óculos e escrever algumas coisas, com intenção de aliviar o
desconforto que me causavam tantas suposições sobre as práticas da minha
religião e sobre a atividade dos meus irmãos de fé, os médiuns Umbandistas. Aí
vai.
A SABER, SOBRE OS
MÉDIUNS UMBANDISTAS E KARDECISTAS
Entendo que as práticas das
diversas religiões não seguem os mesmos princípios, fundamentos, costumes.
Dentro da Igreja Católica temos várias ramificações, sendo a Igreja Apostólica,
a Igreja Brasileira, a Igreja Católica Carismática e etc. Dentro das religiões
protestantes temos diversos seguimentos como a Igreja Batista, Igreja
Universal, Igreja Adventista e etc. Dentro do Judaísmo, há também suas
subdivisões, como os Judaísmos Conservador, Ortodoxo e Reformista. Cada uma das
religiões, mesmo sendo baseada na mesma doutrina, apresenta procedimentos
litúrgicos distintos.
Da mesma forma acontece com as
crenças espiritualistas. Mesmo sendo baseadas na Doutrina Espírita, possuem
fundamentos distintos e práticas próprias. Sendo assim, o médium atuante em
cada uma das suas ramificações, apresenta características distintas quando
realizando o trabalho caritativo nas suas ramificações. Aqui irei tratar sobre
a Umbanda praticada em Nossa Casa e sobre o que definem como Kardecismo.
O Kardecismo e a Umbanda são
irmãos no sentido de que a sua mediunidade atua no contato direto do mundo
espiritual com o terreno, a fim de que os homens possam evoluir através do estudo
e da prática da caridade. As duas crenças espíritas não podem ser comparadas,
uma vez que não há religiões melhores ou piores, mas apenas diferentes em
alguns aspectos. Arriscaria dizer inclusive, que uma vem complementar a outra,
pois atuam com procedimentos distintos para necessidades distintas de almas
distintas.
Cada espírito encarnado é dotado
de mediunidade, mas cada um tem a sua atribuição dentro da missão que veio
realizar na terra, desenvolvendo a sua necessidade para cada fim a que se
aplica. Na vida espiritual não há esse tipo de diferença, uma vez que sabemos
que os Espíritos que atuam na Umbanda também são capacitados para atuar em
reuniões Kardecistas.
Pretos-velhos, caboclos, entre
outras entidades que se manifestam na Umbanda são totalmente capacitados para
atuar em reuniões Kardecistas, pois na vida espiritual o que importa é o
conhecimento que os Espíritos Superiores detém, e não a forma como se
apresentam, falam ou se posicionam. A utilização de uma roupagem simples, uma
linguagem por vezes arcaica, é apenas reflexo da característica que seus
perispíritos assumem para realizar a missão de caridade designada por Deus. A desclassificação
dos Espíritos de Luz, para trabalho nas mais variadas reuniões espíritas, é
fruto do preconceito daqueles que ainda não tiveram compreensão suficiente à
respeito da atividade caritativa que essas bondosas entidades realizam junto a
todas as classes sociais.
Nesse contexto, o médium é apenas
um instrumento para transmissão dos ensinamentos advindos da Espiritualidade. A
mediunidade funciona como mecanismo de “tradução” da “linguagem espiritual”
para a “linguagem terrena”. A diferenciação entre o médium de Umbanda e o
médium kardecista se dá apenas no tipo de trabalho que ele deve praticar e na
formatação de seus centros captadores e transmissores de energia, conhecidos
com chakras.
A mediunidade no chamado
Kardecismo se processa basicamente no plano mental. O Kardecismo não tem a
missão de atuar nos níveis evolutivos mais baixos contra os elementos de forte
carga negativa, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente
doutrinário e seus seguidores encontram sua salvação exclusivamente na sua
conduta moral e elevação dos sentimentos.
A faculdade mediúnica do médium
de Umbanda é um pouco diferente daquela desenvolvida pelo médium kardecista,
considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no nos
níveis de energia mais densos. Para se resguardar das baixas vibrações que são
tratadas pela Umbanda, o médium precisa utilizar o auxílio dos elementos da natureza,
através de banhos de ervas, defumações, energizações com as diversas energias
da natureza, sincretizadas na força dos Orixás. Os Guias, Protetores e
mentores, atuam no sentido de realizar a defesa e a limpeza dos campos físicos
e psíquicos, a fim de que seus médiuns estejam sempre prontos para cumprir a
tarefa que a espiritualidade lhes destinou.
Nas casas de Umbanda a proteção
dos médiuns e assistentes é constituída por verdadeiras tropas de choque. Os
guias e protetores vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas; Os
Chefes de Legião, Falanges, capangueiros e protetores assumem pesados deveres e
responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de
serviço de fidelidade mútua, porém, de maior responsabilidade para os guias-chefes
das Casas Espirituais.
Dessa forma, a atuação das
entidades através dos médiuns de Umbanda faz uso de elementos terrenos para manipular
os resquícios energéticos dos fluidos materiais que possam ter sido afetados
por energias baixas. É aí que vemos os elementos que compõem as obrigações, as
ervas utilizadas na limpeza, a bebida consumida pelas entidades, o fumo, entre
outros elementos utilizados na liturgia umbandista. Todos são utilizados para
reforçar a materialização da energia espiritual, condição importante para a
manipulação da vibração mais densa, que é o alvo do auxílio pelas entidades de
Umbanda.
Muitos médiuns podem ter tanto
atribuições na Umbanda, quanto no Kardecismo. No entanto, muitos médiuns que trabalham
no Kardecismo não estão preparados para trabalhar na Umbanda, pois seus chakras
não estão desenvolvidos para receber grandes cargas espirituais que terão que
ser dissipadas com a ajuda dos guias responsáveis. Espírito que encarna com o
compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe nos seus chakras um acréscimo de
energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada
tarefa que irá desempenhar.
Quanto mais desenvolvidos os
médiuns estão, mais prontos se apresentarão os centros energéticos para troca
da energia necessária. Quando o médium não se prepara direito, não segue os
preceitos ou não atinge o grau de evolução necessária aos trabalhos, parte da
energia negativa fica atrelada aos seus centros energéticos, ao invés de se
dissipar, prejudicando a harmonia do seu campo vibratório. Assim, médiuns em
desenvolvimento devem tomar bastante cuidado com a realização de trabalhos em
locais que não sejam suas casas espirituais. Fora das casas e longe das vistas
dos dirigentes, a possibilidade de que haja resquícios energéticos pouco
salutares é bastante grande, o que pode ser prejudicial tanto para o médium
quanto para o ambiente em que o trabalho é realizado.
De tudo, é importante entender
que a mediunidade é única, apesar de seus aspectos peculiares, quando atuando
em cada uma das ramificações do Espiritismo. A fé, o preceito, a preparação do
corpo, a conduta moral e o desenvolvimento da faculdade são aspectos
fundamentais para prática da mediunidade caritativa. Por fim, o interessante é
sabermos que precisamos estar prontos para a missão que nos for designada, pois
a dádiva da mediunidade é um presente da Espiritualidade para cada um de nós, a
fim de acelerar nossa evolução através do aprendizado e da prática da caridade.
Termino por aqui meu estudo de
hoje. Espero ter esclarecido pelo menos um pouquinho das inúmeras dúvidas que o
conhecimento nos traz. É claro que não está tudo esclarecido, pois sempre há
mais o que descobrir, o que aprender, o que questionar. Mas espero que essas
linhas sejam tão úteis pra vocês quanto estão sendo pra mim.
Um grande beijo pra todos e até a
próxima.
Nise
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Contribuições feitas com o coração são bem vindas!