sexta-feira, 1 de junho de 2012

SOBRE AS MEDIUNIDADES



SOBRE AS MEDIUNIDADES

Estive pensando sobre esse assunto ultimamente, daí resolvi escrever para dividir com vocês.
Esse título que coloquei para definir essas poucas linhas, acabou por despertar em mim um pouco de contrariedade, porque sempre entendi que mediunidade é mediunidade e pronto.  O que não deixa de ser uma verdade, mas não uma verdade absoluta, pois como dizia Shakespeare, ”há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”.
Outra coisa que me motivou para estudar sobre esse assunto foi o fato de me sentir incomodada com as inúmeras vezes que escuto alguém falar que a Umbanda não é Espiritismo e vice-versa. Quem falou isso precisa tentar definir o Espiritismo com uma teoria na qual a Umbanda não se encaixe, o que considero muito difícil, uma vez que a Umbanda é a união de todas as bandas dentro da prática do amor e da caridade, sempre com respeito à relação entre a fé e a ciência.
Decidi, então, arregaçar as mangas, colocar os óculos e escrever algumas coisas, com intenção de aliviar o desconforto que me causavam tantas suposições sobre as práticas da minha religião e sobre a atividade dos meus irmãos de fé, os médiuns Umbandistas. Aí vai.

A SABER, SOBRE OS MÉDIUNS UMBANDISTAS E KARDECISTAS

Entendo que as práticas das diversas religiões não seguem os mesmos princípios, fundamentos, costumes. Dentro da Igreja Católica temos várias ramificações, sendo a Igreja Apostólica, a Igreja Brasileira, a Igreja Católica Carismática e etc. Dentro das religiões protestantes temos diversos seguimentos como a Igreja Batista, Igreja Universal, Igreja Adventista e etc. Dentro do Judaísmo, há também suas subdivisões, como os Judaísmos Conservador, Ortodoxo e Reformista. Cada uma das religiões, mesmo sendo baseada na mesma doutrina, apresenta procedimentos litúrgicos distintos.
Da mesma forma acontece com as crenças espiritualistas. Mesmo sendo baseadas na Doutrina Espírita, possuem fundamentos distintos e práticas próprias. Sendo assim, o médium atuante em cada uma das suas ramificações, apresenta características distintas quando realizando o trabalho caritativo nas suas ramificações. Aqui irei tratar sobre a Umbanda praticada em Nossa Casa e sobre o que definem como Kardecismo.
O Kardecismo e a Umbanda são irmãos no sentido de que a sua mediunidade atua no contato direto do mundo espiritual com o terreno, a fim de que os homens possam evoluir através do estudo e da prática da caridade. As duas crenças espíritas não podem ser comparadas, uma vez que não há religiões melhores ou piores, mas apenas diferentes em alguns aspectos. Arriscaria dizer inclusive, que uma vem complementar a outra, pois atuam com procedimentos distintos para necessidades distintas de almas distintas.
Cada espírito encarnado é dotado de mediunidade, mas cada um tem a sua atribuição dentro da missão que veio realizar na terra, desenvolvendo a sua necessidade para cada fim a que se aplica. Na vida espiritual não há esse tipo de diferença, uma vez que sabemos que os Espíritos que atuam na Umbanda também são capacitados para atuar em reuniões Kardecistas.
Pretos-velhos, caboclos, entre outras entidades que se manifestam na Umbanda são totalmente capacitados para atuar em reuniões Kardecistas, pois na vida espiritual o que importa é o conhecimento que os Espíritos Superiores detém, e não a forma como se apresentam, falam ou se posicionam. A utilização de uma roupagem simples, uma linguagem por vezes arcaica, é apenas reflexo da característica que seus perispíritos assumem para realizar a missão de caridade designada por Deus. A desclassificação dos Espíritos de Luz, para trabalho nas mais variadas reuniões espíritas, é fruto do preconceito daqueles que ainda não tiveram compreensão suficiente à respeito da atividade caritativa que essas bondosas entidades realizam junto a todas as classes sociais.
Nesse contexto, o médium é apenas um instrumento para transmissão dos ensinamentos advindos da Espiritualidade. A mediunidade funciona como mecanismo de “tradução” da “linguagem espiritual” para a “linguagem terrena”. A diferenciação entre o médium de Umbanda e o médium kardecista se dá apenas no tipo de trabalho que ele deve praticar e na formatação de seus centros captadores e transmissores de energia, conhecidos com chakras.
A mediunidade no chamado Kardecismo se processa basicamente no plano mental. O Kardecismo não tem a missão de atuar nos níveis evolutivos mais baixos contra os elementos de forte carga negativa, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente doutrinário e seus seguidores encontram sua salvação exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos.
A faculdade mediúnica do médium de Umbanda é um pouco diferente daquela desenvolvida pelo médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no nos níveis de energia mais densos. Para se resguardar das baixas vibrações que são tratadas pela Umbanda, o médium precisa utilizar o auxílio dos elementos da natureza, através de banhos de ervas, defumações, energizações com as diversas energias da natureza, sincretizadas na força dos Orixás. Os Guias, Protetores e mentores, atuam no sentido de realizar a defesa e a limpeza dos campos físicos e psíquicos, a fim de que seus médiuns estejam sempre prontos para cumprir a tarefa que a espiritualidade lhes destinou.
Nas casas de Umbanda a proteção dos médiuns e assistentes é constituída por verdadeiras tropas de choque. Os guias e protetores vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas; Os Chefes de Legião, Falanges, capangueiros e protetores assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mútua, porém, de maior responsabilidade para os guias-chefes das Casas Espirituais.
Dessa forma, a atuação das entidades através dos médiuns de Umbanda faz uso de elementos terrenos para manipular os resquícios energéticos dos fluidos materiais que possam ter sido afetados por energias baixas. É aí que vemos os elementos que compõem as obrigações, as ervas utilizadas na limpeza, a bebida consumida pelas entidades, o fumo, entre outros elementos utilizados na liturgia umbandista. Todos são utilizados para reforçar a materialização da energia espiritual, condição importante para a manipulação da vibração mais densa, que é o alvo do auxílio pelas entidades de Umbanda.
Muitos médiuns podem ter tanto atribuições na Umbanda, quanto no Kardecismo. No entanto, muitos médiuns que trabalham no Kardecismo não estão preparados para trabalhar na Umbanda, pois seus chakras não estão desenvolvidos para receber grandes cargas espirituais que terão que ser dissipadas com a ajuda dos guias responsáveis. Espírito que encarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe nos seus chakras um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.
Quanto mais desenvolvidos os médiuns estão, mais prontos se apresentarão os centros energéticos para troca da energia necessária. Quando o médium não se prepara direito, não segue os preceitos ou não atinge o grau de evolução necessária aos trabalhos, parte da energia negativa fica atrelada aos seus centros energéticos, ao invés de se dissipar, prejudicando a harmonia do seu campo vibratório. Assim, médiuns em desenvolvimento devem tomar bastante cuidado com a realização de trabalhos em locais que não sejam suas casas espirituais. Fora das casas e longe das vistas dos dirigentes, a possibilidade de que haja resquícios energéticos pouco salutares é bastante grande, o que pode ser prejudicial tanto para o médium quanto para o ambiente em que o trabalho é realizado.
De tudo, é importante entender que a mediunidade é única, apesar de seus aspectos peculiares, quando atuando em cada uma das ramificações do Espiritismo. A fé, o preceito, a preparação do corpo, a conduta moral e o desenvolvimento da faculdade são aspectos fundamentais para prática da mediunidade caritativa. Por fim, o interessante é sabermos que precisamos estar prontos para a missão que nos for designada, pois a dádiva da mediunidade é um presente da Espiritualidade para cada um de nós, a fim de acelerar nossa evolução através do aprendizado e da prática da caridade.
Termino por aqui meu estudo de hoje. Espero ter esclarecido pelo menos um pouquinho das inúmeras dúvidas que o conhecimento nos traz. É claro que não está tudo esclarecido, pois sempre há mais o que descobrir, o que aprender, o que questionar. Mas espero que essas linhas sejam tão úteis pra vocês quanto estão sendo pra mim.
Um grande beijo pra todos e até a próxima.
Nise

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