(Texto da Mesa I - Fevereiro 2014)
Um homem admirável pelas qualidades de trabalho
e pelas virtudes do caráter foi alvejado pelos inimigos da Humanidade, que
conhecemos por Ignorância, Calúnia, Maldade, Discórdia, Vaidade, Preguiça e
Desânimo, os quais tramaram, entre si, agir contra ele, conduzindo-o à derrota.
O honrado trabalhador vivia feliz, entre
familiares e companheiros, cultivando o campo e rendendo graças ao Senhor pelas
alegrias que desfrutava por ser útil.
A Ignorância começou a perseguição,
apresentando-o ao povo como mau observador das obrigações religiosas. Dizia que
ele se utilizava do trato da terra, cheio de ambições desmedidas para enriquecer
à custa do suor alheio. Dizia que ele não tinha fé, nem respeitava os bons
costumes.
O homem, então, sabendo que o adversário
distribuía as calúnias, de longe sorriu calmo e falou com sinceridade:
- A Ignorância está desculpada.
Surgiu, então, a Calúnia e denunciou-o às
autoridades como sendo espião de interesses estranhos. Dizia que aquele homem
vivia quase sozinho, para melhor comunicar-se com vasta quadrilha de ladrões. O
serviço policial tratou de minuciosas averiguações e, ao término do inquérito vexatório,
a vítima afirmou sem ódio:
- A Calúnia estava enganada.
E trabalhou com dobrado valor moral.
Logo após, veio a Maldade, que o atacou de mais
perto. Com ações totalmente ofensivas incendiou-lhe o campo, destruiu-lhe
milharais enormes, prejudicou-lhe a vinha, poluiu-lhe as fontes. Todavia, o
operário incansável, reconstruindo para o futuro, respondeu sereno:
- Contra as sombras do mal, tenho a luz do bem.
Quando os adversários perceberam que haviam
encontrado um espírito de fé inabalável, instruíram a Discórdia que passou a
assediá-lo dentro da sua própria casa. Fizera provocações de todos os lados e,
a breve tempo, irmãos e amigos relegaram-no ao abandono.
O servo diligente, dessa vez, sofreu bastante,
mas ergueu os olhos para o Céu e falou:
- Meu Deus e Meu Senhor, estou só. No entanto,
continuarei confiante em Ti. A Discórdia será por mim esquecida.
Apareceu então a Vaidade que o procurou em casa,
afirmando-lhe:
- É um grande herói... Venceste aflições e
batalhas! Será apontado à multidão como um justo e será santificado!
E mesmo assim, o trabalhador sincero repeliu-a,
imperturbável:
- Sou apenas um átomo que respira. Toda glória
pertence a Deus!
Ausentando-se a Vaidade com desapontamento,
entrou a Preguiça e, acariciando-lhe a fronte com mãos traiçoeiras, disparou:
- Teus sacrifícios são excessivos... Vamos ao
repouso! Já perdeste as melhores forças e deixaste passar os melhores momentos.
É hora de descansar!
Vigilante, contudo, o homem replicou sem
hesitar:
- Meu dever é o de servir em benefício de todos,
até ao fim da luta.
Afastando-se a Preguiça vencida, o Desânimo
compareceu. Não atacou de longe, nem de perto. Não se sentou na poltrona para
conversar, nem lhe cochichou aos ouvidos. Entrou no coração do operoso lavrador
e, depois de instalar-se lá dentro, começou a perguntar-lhe:
- Esforçar-se para quê? Servir porquê? Não vê
que o mundo está repleto de colaboradores mais competentes? Que razão justifica
tamanha luta? Quem o mandou nascer neste corpo? Não foi a determinação do
próprio Deus? Não será melhor deixar tudo por conta de Deus mesmo? Que espera? Sabe,
acaso, o objetivo da vida? Tudo é inútil... Não se lembra de que a morte
destruirá tudo?
O homem forte e valoroso, que triunfara de
muitos combates, começou a ouvir as interrogações do Desânimo, deitou-se e
passou algum tempo sem se levantar, deixando de lado tudo aquilo que pregou e
todas as conquistas que guiaram seus dias na Terra. Prestes a abrir mão de suas
vitórias contra os inimigos mais cruéis, entregava-se à pregação do Desânimo
contra a batalha diária que se propunha anteriomente a seguir.
Foi quando forças amigas, sob comando da Fé, se
uniram para mostrar-lhe o cenário de derrota que se desenhava em sua vida. Vieram
a Inteligência, a Verdade, a Bondade, o Amor, a Humildade e a Coragem, anteriormente
vencedoras das batalhas individuais contra cada um dos antigos adversários,
para mostrar ao Homem a força de quem estava ao seu lado.
A Inteligência lhe mostrou que ele agora estaria
mais forte por reconhecer qual era a sua fraqueza a fim de poder combatê-la. A Verdade
deixou bem claro que apesar das boas intenções, por vezes encontramos
dificuldades em manter uma atitude firme, mas que é na resistência que nos
fortalecemos. A Bondade trouxe a certeza de que não há mal que vença a satisfação
de manter uma postura de auxílio a quem necessita, mesmo que ele não nos deseje
o bem. O Amor deixou claro que abriu espaço dentro dele para que a compreensão o
tornasse mais resistente contra as dores da vida. A Humildade não deixou que
seus olhos se cegassem à luta diária e a Coragem lhe deu forças para sempre
recomeçar.
Todas as tropas amigas, sob o comando da FÉ, determinaram
que ele então se levantasse, acelerasse o passo e não se atrevesse a parar
novamente. Ofereceram a ele uma arma potente chamada Oração, capaz de iluminar
os corações mais inertes e desfazer os traços de negatividade fortalecidos
pelos adversários da Humanidade. Através de uma rajada positiva sentimentos
nobres, derrotaram um a um, cada um dos soldados do Exército do Negativismo,
fazendo aumentar dentro daquele homem, a cada vitória, a noção da graça de
viver em solo fértil.
E assim, com o Tempo e a Perseverança, até o
mais forte inimigo que quase conseguiu derrotá-lo, bateu em retirada, reprimido
pelas forças amigas que motivavam o Homem à vitória. Foi então que o Desânimo
se aquietou em um canto, recluso, acompanhado de seus aliados, já enfraquecidos
pela batalha, a fim de encontrar novas possibilidades de vitória sobre aqueles
que nunca deram ouvidos ao que dizia a Fé. Todos os dias ele tenta invadir os
corações, encontrando portas fechadas em alguns deles, mas, por vezes, encontra
portas abertas pela dúvida e pela descrença em diversas moradas. Não deixemos
que ele vença uma batalha sequer e cuidemos para combatê-lo a cada dia,
liderados pela força invencível da FÉ INABALÁVEL.
Adaptado para a
Mesa de Estudos pelo CEENC. De XAVIER,
Francisco Cândido. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB. Capítulo 22.