terça-feira, 25 de novembro de 2014

XANGÔ - FORÇA DA JUSTIÇA

(Texto enviado por Jacqueline)

Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira.
Xangô é Orixá da Justiça. Sua força está nas pedreiras e o seu campo de atuação é a razão, exercendo uma influência muito forte em seus filhos, principalmente no que diz respeito à Justiça. Todos os Orixás, evidentemente, trazem energia de justiça e transmitem este sentimento aos seus filhos, entretanto com os filhos de Xangô o senso de Justiça, se torna uma prioridade. Essa energia desperta nos seres o senso de equilíbrio e equidade. Detém um profundo conhecimento e ligação com as árvores, de onde provém muitos de seus objetos de culto, como a gamela e o pilão.
É o Orixá das trovoadas e relâmpagos. No sincretismo temos São Jerônimo Xangô Caô e São João Batista como Xangô Agodô.
Os seres regidos pela energia de Xangô apresentam um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Suas fisionomias, mesmo a jovem, apresentam uma velhice precoce, sem lhes tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria. Têm comportamento medido. São incapazes de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam-se na segurança e chão firme que gostam de pisar. São tímidos no contato com o semelhante, mas assumem facilmente o poder do mando. São conselheiros, e não gostam de ser contrariados, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalmam-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita. Não guardam rancor. Vestem-se com discrição seus vestuários seguem o modelo tradicional.
Quando os filhos de Xangô conseguem equilibrar o seu senso de Justiça, transferindo o seu próprio julgamento para o Julgamento Divino, cuja sentença não nos é permitido conhecer, tornam-se pessoas admiráveis e gentis. O medo de cometer injustiças muitas vezes retarda suas decisões, o que, ao contrário de lhes prejudicar, só lhes traz benefícios. O grande defeito dos filhos de Xangô é julgarem os outros. Se aprenderem a dominar esta característica, tornam legítimos representantes do Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira. Por falar em pedreira, adoram colecionar pedras.
Possuem tendência a engordar, pois são amantes da boa comida. Apaixonam-se facilmente e com a mesma facilidade perdem o entusiasmo por esse amor
SEU DIA: 30 de setembro
COR: Marrom
CNCENTRAÇÃO ENERGÉTICA: Na pedreira ou sobre uma pedra grande e bonita, cachoeiras e montanhas
ERVAS: Folhas de Limoeiro, Erva Moura, Erva Lírio, Folhas de Café, Folhas de Mangueira, Erva de Xangô
SÍMBOLOS: Seu símbolo ou ferramenta principal é o machado duplo, simbolizando a imparcialidade na hora da justiça.
SAUDAÇÃO: Caô , Cabecilhe.
Fonte: Sociedade Espiritualista Mata Virgem - Curso de Umbanda

domingo, 23 de novembro de 2014

MUDANÇA NO CALENDÁRIO 24/11 - SEGUNDA

AMIGOS E IRMÃOS DO CEENC, 

POR MOTIVOS DE FALECIMENTO DO PAI DE UMA DAS NOSSAS IRMÃS DA CASA, INFORMAMOS QUE NESTA SEGUNDA-FEIRA, DIA 24/11, O ESTUDO DO LIVRO MEMÓRIAS DE UM SUICIDA FOI CANCELADO E A GIRA, ANTERIOMENTE PREVISTA PARA SER DE CONSULTA, PASSA A SER FECHADA APENAS PARA MÉDIUNS, QUE SE REUNIRÃO EM CORRENTE DE ORAÇÕES. 

AGRADECEMOS A COMPREENSÃO DE TODOS E ESPERAMOS ENCONSTRÁ-LOS NO PRÓXIMO SÁBADO PARA A ÚLTIMA GIRA DE POVO DE RUA DESTE ANO ESPIRITUAL. 

UM ABRAÇO FRATERNO, FAMÍLIA CEENC.


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

HISTÓRIA DA UMBANDA - FUNDAÇÃO

(Texto enviado por Gisele)

Escrever sobre a Umbanda sem citarmos Zélio Fernandino de Moraes é praticamente impossível. Ele, assim como Allan Kardec, foram os intermediários escolhidos pelos Espíritos para divulgar a religião aos homens. Zélio Fernandino de Moraes nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo – Rio de Janeiro.
 Aos dezessete anos, quando estava se preparando para servir às Forças Armadas através da Marinha, aconteceu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. A princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou ao seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, Diretor do Hospício de Vargem.
 Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu à família que o encaminhassem a um padre para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que o seu sobrinho estivesse possuído pelo demônio. Procuraram, então, um padre da família que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado.
 Tempos depois, Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para a qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente, Zélio ergueu-se do seu leito e declarou: “amanhã estarei curado”. No dia seguinte começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação.
 A mãe de Zélio, D. Leonor de Moraes, levou-o a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava e que incorporava o Espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Este recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com a caridade. O pai de Zélio de Moraes, Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não frequentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita.
 No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado à Federação Espírita de Niterói. Chegando ao local e convidado por José de Souza, dirigente daquela instituição, sentaram-se a mesa. Logo em seguida, contrariando as normas do culto realizado, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor. Foi até o jardim, apanhou uma rosa branca e colocou-a no centro da mesa onde se realizava o trabalho.
 Tendo se iniciado uma estranha confusão no local, ele incorporou um Espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos-velhos. Advertidos pelo dirigente do trabalho a entidade incorporada no rapaz perguntou: “-por que repelem a presença dos citados Espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Seria por causa das suas origens sociais e da cor?”.
 Após um vidente ver a luz que o Espírito irradiava perguntou: “-por que o irmão fala nesses termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de Espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados? Por que fala desse modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome meu irmão?” Ele responde: “-se julgam atrasados os Espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou.
Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.” O vidente ainda pergunta: “-Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” Novamente ele responde: “-Colocarei uma condessa em cada colina que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei.”
 Depois de algum tempo todos ficaram sabendo que o jesuíta que o médium verificou pelos resquícios de sua veste no Espírito, em sua última encarnação, foi o Padre Gabriel Malagrida.
 No dia 16 de novembro de 1908, na Rua Floriano Peixoto, 30, Neves, São Gonçalo – RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.
 Pontualmente às 20:00 horas, o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto: “- aqui inicia-se um novo culto em que os Espíritos de pretos-velhos africanos, que haviam sido escravos e que, desencarnando, não encontraram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria, e os índios nativos de nossa Terra, poderão trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo, ou posição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no evangelho de Jesus, e como Mestre Supremo Cristo.”
Após as declarações acima, estabeleceu as normas que seriam utilizadas no culto, e as sessões diárias das 20:00 às 22:00 horas. Determinou, ainda, que os participantes deveriam estar vestidos de branco e que o atendimento a todos seria gratuito.
Disse também, que estava nascendo uma nova religião e que se chamaria Umbanda. O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguintes palavras: “-assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a Tenda acolherá aos que a ela recorrerem às horas de aflição; todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles Espíritos que sabem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos, e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.”
O Caboclo ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam, em latim e alemão. Atendeu um paralítico, fazendo este ficar curado e várias outras pessoas que se encontravam neste local, praticando suas curas.
No mesmo dia do primeiro culto, incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e, com palavras de muita sabedoria, humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar junto com os presentes à mesa, dizendo as seguintes palavras: “-Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá”.
 Após insistência dos presentes fala: “-num carece preocupá não. Nego fica no toco que é lugá di nêgo”. Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na Terra e ele responde: “-minha caximba; nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá.” Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antônio, também, a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usada pelos membros da Tenda e, carinhosamente chamada de “Guia de Pai Antônio”.
 No outro dia, formou-se verdadeira romaria em frente da casa da família Moraes. Cegos, paralíticos e médiuns que eram dados como loucos foram curados. A partir destes fatos, fundou-se a Corrente Astral de Umbanda.
 Após algum tempo, manifestou-se um Espírito com o nome de Orixá Male, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, Espírito que, quando em demanda, era agitado e sábio, destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.
 Dez anos depois, em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, recebendo ordens do Astral, fundou sete tendas para a propagação da Umbanda, sendo elas as seguintes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia, Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição, Tenda Espírita Santa Bárbara, Tenda Espírita São Pedro, Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge, Tenda Espírita São Jerônimo.
 As sete linhas foram ditadas para a formação da Umbanda. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas, a partir das acima mencionadas.
 Zélio nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar a sua família e muitas vezes manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que sustentavam a sua casa para os tratamentos espirituais que, segundo o que diziam, parecia um albergue.
 Nunca aceitar a ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. O ritual sempre foi simples.
 As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam. A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça, onde os filhos de Umbanda fazem a ligação com a vibração dos seus guias.
 Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia, as quais até hoje a dirigem.

 Mais tarde, junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e instrumento do Cabloco Roxo, fundaram a Cabana de Pai Antônio, no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira do Macacú – RJ. Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu. Faleceu aos 84 anos, no dia 03 de outubro de 1975.

Pesquisa feita por LUCILIA GUIMARÃES E EDER LONGAS GARCIA.
(http://www.paimaneco.org.br/filosofia/historia-da-Umbanda)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

CARMA E REENCARNAÇÃO

(Texto enviado por Wânia)

Tudo na vida segue um ciclo: nascemos, crescemos, vivemos e desencarnamos. A reencarnação, nada mais é do que o retorno ao ciclo contínuo de vida- morte- vida. É a constatação de que não deixamos de existir após a morte e, de que nossa alma, não perece ao desencarnarmos. Deste modo, reencarnação é o retorno do Espírito à seu novo corpo, após o desenlace do corpo habitado anteriormente.

A reencarnação é um conceito fácil e de simples entendimento. O que dificulta nossa compreensão é simplesmente o mecanismo que está por trás dela, que condiciona o retorno do Espírito a um novo corpo: o Carma ou a lei de causa e efeito. O que variou de religião para religião, com o passar dos anos, e acabou incorporando ao conceito de reencarnação, não foi a idéia do retorno do Espírito a um novo corpo, mas o mecanismo desse retorno, denominado Carma. Este sim, tem diversas interpretações, negações e visões que moldaram as religiões, suas doutrinas e a forma de seus fiéis encararem a vida material e espiritual.

No hinduísmo, o Carma constitui as ações (não importando se boas ou ruins) realizadas na vida precedente. A existência é apenas um ciclo de nascimento e renascimento, até a libertação total e definitiva da alma.
Já a Umbanda acredita na reencarnação de acordo com o Carma de cada um, que está associado às boas ou às más ações, as quais podem aumentar ou diminuir a intensidade das provas a serem realizadas por cada um (aí entra a Lei de Causa e Efeito).
 Existe Carma do médium, como um fato isolado e inerente ao próprio médium; o Carma dos guias, também como um fato isolado e inerente a eles, e existe o Carma relacionado a ambos, onde médiuns e guias partilham esse ou esses Carmas. Os guias trabalham em benefício do cumprimento do carma de seus médiuns e dos seus próprios, de acordo com suas possibilidades, aconselhando-os e utilizando-os como instrumento para aconselhamento de outras pessoas. Por sua vez, os médiuns se doam aos guias como meio para que esses, possam cumprir com seus Carmas no auxílio aos necessitados.
Quanto ao Carma dos consulentes, quem atua nele, são os guias que esses consulentes consultam. As entidades tentam fortalecer o consulente através do aconselhamento e dos passes energéticos, dentro de sua capacidade, da aceitação de ajuda por parte do consulente e também por seu merecimento. Exemplificando, podemos dizer que, quando um guia, tendo a permissão de Deus, aplica passes de cura em uma pessoa, ele está influenciando no Carma desse indivíduo.
Resumindo....
A reencarnação é um ato natural do ciclo da vida ( vida- morte- renascimento ) e de aperfeiçoamento do Espírito e do próprio homem. Consiste na crença de que várias existências se fazem necessárias para se chegar ao equilíbrio evolutivo e aos diversos planos da espiritualidade.
Essa crença é indiana e penetrou em várias religiões ao longo dos séculos: Religiões Hindus, Budismo, Umbanda, entre outras.
O Carma é a lei reencarnatória à qual todos estamos subordinados, que dita a maneira e os meios pelos quais será dado o retorno a um corpo material, afim de resgatarmos nossos erros (de existências passadas) e fazer cumprir boas ações (na existência futura).
O Carma, por vezes, ultrapassa barreiras da materialidade, fazendo com que o Espírito cumpra sua passagem pela Terra não reencarnando, mas sim, como um guia (Preto Velho, Caboclo, etc., no caso da Umbanda), o qual tem como comprometimento, missão ou provação, guiar e auxiliar os seres humanos e outros Espíritos.
Nós, Umbandistas, cremos na caridade, no amor e na fé, como elementos principais para a evolução espiritual e material do homem em seus vários estágios no ciclo da vida. Nossa Umbanda não discrimina nenhuma religião, visto que  todas, desde que alicerçadas pelas mãos Divinas, são válidas na caminhada evolutiva do ser humano, ao encontro da paz e da fé.
Fiquem com Deus e que a missão se cumpra !!

Fonte de Pesquisa: Leituras Espíritas e Unidos pela Fé na Comunidade

Adaptado por CEENC

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

JOAQUIM - VALOR DA MEDIUNIDADE

(Texto enviado por Wânia)

"NINGUÉM É MÉDIUM POR ACASO"
Joaquim, um Espírito recém-desencarnado, cuja vida na Terra havia sido péssima, fez um requerimento aos mentores espirituais de planos mais elevados, rogando desesperadamente nova oportunidade para resgatar as dívidas contraídas na extinta existência corpórea. Era tão grande seu arrependimento e tanto o torturava a própria consciência que, ao pedido feito, suplicava novo corpo físico, em qualquer situação, qualquer tipo de existência, por pior que fosse: poderia vir louco, cego, deficiente físico, mudo, deficiente mental, canceroso, leproso, morfético, fosse o que fosse, pouco lhe importaria. Submeter-se-ia com resignação, mas desejava encarnar-se de novo e para isso, suplicava de joelhos.
Levado seu pedido ao alto, Deus, em sua infinita misericórdia, avaliou seus rogos, seus desejos, e atendeu-o; dar-lhe-ia oportunidade para reencarnar-se. Porém, dizia a permissão que o filho pedinte não necessitava vir à Terra com deficiência física, doença ou perturbações mentais. Apenas uma condição lhe seria imposta: nascesse, na Terra, como homem normal, mas viria como médium e comprometer-se-ia a prestar a caridade quatro horas por semana, durante trinta anos, ou seja, dos vinte até os cinquenta anos. Feito isso, sua dívida estaria saldada. Joaquim, é claro, chorando de alegria, reencarnou-se.
Até vinte anos de idade, tudo foi normal. Daí em diante desabrochou a mediunidade. Passou então a frequentar um templo espírita, trabalhando duas horas na terça e duas horas no sábado. Assim, foi levando placidamente sua existência e até casou.
Voltemos ao plano espiritual. Quarenta anos depois do nascimento de Joaquim, os mentores espirituais depararam com outro irmão necessitado de socorros urgentes, para tanto, tinham de recorrer a um médium na Terra, que pudesse se sintonizar com a vibração grosseira daquele Espírito em desespero, a fim de aliviar seus sofrimentos morais, após a necessária doutrinação.
Um dos mentores, então, lembrou-se do Joaquim, o irmão que fizera o requerimento pedindo para encarnar-se nas piores condições possíveis, mas que por bondade de Deus, apenas lhe fora imposta a faculdade mediúnica com a finalidade de ressarcir males semeados. Sim, o Joaquim era a pessoa indicada, porque deveria estar em plena atividade, já fortalecido em seu dom e ser-lhe-ia útil naquela emergência. Consultada sua ficha cármica, comprovaram o fato. Daí resolveram conduzir aquela alma sofredora até o médium para que sua mediunidade de incorporação, ajudasse o irmão aflito. E levaram-no até o centro, onde o médium compromissado deveria estar atuando, pois era um sábado, dia de sessão.
Chegando ao centro, os mentores viram outros médiuns, menos o Joaquim… Um deles disse apreensivo: “talvez esteja doente… vamos até sua residência e apliquemos-lhe passes magnéticos para revitalizar-lhe, neutralizando algum mal-estar que por ventura tenha sido acometido”.
Rumaram direção ao endereço do médium. Antes, porém, deixaram o Espírito angustiado entregue a outros médiuns daquele templo. Ao chegarem ao lar de Joaquim, encontraram-no. Lá estava ele deitado em uma rede, ocioso e indiferente, tomando uma cerveja. Surpresos, os mentores ainda ouviram a esposa do médium irresponsável perguntar-lhe por que não fora ao centro, pois era dia de sessão. O marido respondeu que fazia muito calor e ele já estava cansado de ficar horas e horas a atender irmãos que compareciam ao centro para aborrecê-lo…
Um dos mentores observou: “Não foi este que pediu para reencarnar-se como louco, cego, idiota, leproso, canceroso ou o que merecesse, desde que lhe fosse permitido reencarnar-se em novo corpo físico?… E Deus, na sua infinita benevolência, tão somente lhe impôs servir como médium, trabalhando quatro horas por semana, dos vinte aos cinquenta anos de idade… E só isso? Ele está agora com apenas quarenta de vida terrena!” É verdade, afirmou o outro, e ambos tristes, compadecidos do irmão, se retiraram.

***
Ninguém é médium por acaso.
Há responsabilidades, compromissos, resgastes, missões e um longo passado que não temos acesso nesse momento e nessa realidade. Portanto, menosprezar ou achar que a mediunidade é simplesmente um dom, um acontecimento, uma fatalidade, uma escolha, um desejo, uma vantagem ou desvantagem dessa encarnação, é um grande erro.
Ignorar o dom recebido com determinado propósito é um grande erro. Essa atitude interfere no presente, no futuro, no próximo, na vida daqueles que nos cercam e principalmente no plano espiritual. Dessa forma, pensamentos egocêntricos, em que o desejo e as escolhas pessoais prevalecem sobre o coletivo, só promove a dor.
Quando encarnamos na Terra e recebemos de Deus uma missão de auxílio para nossa evolução, através de dons mediúnicos, precisamos entender que fazemos parte de um plano do mundo espiritual para evolução e crescimento nosso e daqueles que venham cruzar nossas vidas. É importante que nos dediquemos ao serviço útil, pois assim, mesmo encarnados, estaremos trabalhando pela busca da verdadeira felicidade.
Quantas vidas não podemos auxiliar e quanto aprendizado não poderemos adquirir... A preguiça é nossa maior inimiga, pois o tempo que deixamos de prestar a caridade e nos evoluir, é o mesmo que levaremos para alcançar nosso melhoramento espiritual na vida que se segue, na Terra e no Espaço! Precisamos abrir mão daquilo que não auxilia e não faz crescer, aproveitando o curto tempo que nos foi dado na Terra, para cumprir nosso compromisso com Deus! Afinal de contas, o compromisso assumido deve ser honrado. Foi nos confiada uma missão pela qual nos responsabilizamos pelo cumprimento. Portanto, não devemos considerar penoso ou árduo dedicar um pouco de “nosso” tempo à pratica da caridade e ao exercício da mediunidade em benefício próprio e alheio, afinal, dividindo o nosso tempo com os irmãos necessitados, multiplicamos o amor... E todo amor que se multiplica, volta para nós e para os que amamos ainda mais forte e verdadeiro.
Ser médium é a maior oportunidade que um ser tem para se transformar em um Ser Humano Melhor!
“Eu me sinto feliz de ser obstinadamente médium
Eu gosto de ser médium, gosto dessa palavra
Quero morrer médium
É tudo o que eu sempre quis ser…”

(Chico Xavier)

(Texto de J.Edson Orphanake - Livro “Umbanda: Perguntas & Respostas / Comentários por Mãe Mônica Caraccio e CEENC).