CENTRO ESPÍRITA DE ESTUDOS NOSSA CASA
ABORDAGEM DO EVANGELHO:
NÃO VIM DESTRUIR A LEI
TEMA:
UMBANDA: COMO SURGIU?
Trata o presente texto do surgimento da Umbanda analisado com
base no primeiro capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo, que se refere à
seguinte declaração de Jesus Cristo: “não vim destruir a lei”.
Durante a leitura do capítulo acima citado, verifica-se a
presença de Três Revelações ou etapas no decorrer do desenvolvimento da
Humanidade: Moisés, Cristo e o Espiritismo.
Inicialmente, tem-se os Dez Mandamentos, Leis Divinas e
imutáveis, transmitidas através de Moisés para que fossem ensinadas ao povo da
época. Essas Leis mudam apenas “a sua aplicação e vivência na medida da
evolução da inteligência, da sensibilidade e da moral dos homens”[i].
Além dos Dez Mandamentos, Moisés estipulou, as leis civis
ou disciplinares, extremamente rígidas e necessárias ao povo da época e,
portanto, mutáveis.
Aproximadamente mil anos depois, com a chegada do Cristo,
este assim se manifestou:
Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim para
destruí-los, mas para dar-lhes cumprimento. Porque em verdade vos digo que o
céu e a terra não passarão, até que não se cumpra tudo quanto está na lei, até
o último jota e o último ponto. (Mateus, V: 17-18).
Da Leitura da passagem acima, compreende-se que Jesus não
veio destruir o que já tinha sido ensinado e pregado, mas sim dar um sentido
mais amplo à essas leis, na medida em que apresenta uma nova forma de
compreensão e entendimento, através de suas palavras simples e seus atos
bondosos. Jesus resumiu os Dez Mandamentos “em dois ensinamentos mais abrangentes,
e não menos importantes: amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo
como a si mesmo. A ideia de justiça, com Moisés, agora era atualizada com a Lei
de Amor.
Conforme nos ensina a Doutrina
Espírita, enquanto a chamada Lei Antiga corresponde a um clamor dos homens
pedindo sinais dos Céus, o Novo Testamento (Segunda Revelação), trazido por
Jesus, é a resposta de Deus, dizendo que O Pai Eterno está presente ao lado de
Seus filhos, e que os ama incondicionalmente”[ii].
Não obstante, Jesus, tendo em
vista as limitações do povo da época, falou muitas vezes em forma de parábolas,
sendo certo que para o entendimento de muitas de suas declarações e ensinamentos,
fazia-se necessário o surgimento de novas ideias e conhecimentos, o que somente
se conseguiria com o desenvolvimento da humanidade e da ciência. Daí o
surgimento do espiritismo.
O Espiritismo, também chamado no Evangelho como a Terceira
Revelação, “é a nova ciência que vem revelar aos
homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo
espiritual e suas relações com o mundo material. Ele nos mostra esse mundo, não
mais como sobrenatural, mas, pelo contrário, como uma das forças vivas e
incessantemente atuantes da natureza”[iii].
Analisando as Três Revelações, mais especificamente as
declarações do Cristo e os fundamentos pregados pelo Espiritismo tradicional,
compreende-se que o surgimento da Umbanda segue a mesma linha de raciocínio.
Analisando os preceitos da Umbanda e o que vem sendo
praticado nos Terreiros através doa anos, é certo que a mesma não veio afastar
os ensinamentos e preceitos do Espiritismo, mas sim, igualmente, dedicar-se à
caridade, com base no Evangelho do Cristo.
A Umbanda, união de todas as bandas, surgiu para que todos os
espíritos pudessem ser ouvidos e trabalhar em prol de seus irmãos encarnados,
independentemente de cor, raça, credo ou posição social.
Conforme explicado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundador
da Umbanda, através de seu médium Zélio Fernandino de Moraes, muitos espíritos
que fizeram parte da História do Brasil, como índios e negros, não podiam se
manifestar nas tradicionais reuniões espíritas, por serem considerados
atrasados.
E declarou, ainda, a referida Entidade de Luz: “a prática da
caridade, no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste
culto, que tem base no evangelho de Jesus, e como mestre supremo Cristo”[iv].
Sendo assim, da mesma forma que o Cristo veio esclarecer e
complementar a “Lei”, a Umbanda surgiu como um complemento do Espiritismo,
ampliando seu campo de ação, através da manipulação das energias da natureza e
da possibilidade da prática da caridade por todos e para todos.
[ii]
Passagem extraída do texto encontrado na página http://casadeemmanuel.org.br/nao_vim_destruir.html
[iii]
Passagem extraída do texto encontrado na página https://evangelhoespirita.wordpress.com/capitulos-1-a-27/cap-1-nao-vim-destruir-a-lei/as-tres-revelacoes-moises-cristo-e-o-espiritismo/
[iv]
Passagem extraída do Tomo I do Centro de Estudos Nossa Casa, página 18.