A CONCÓRDIA NÃO
ESTÁ EM ACEITAR COMO SUA,
A VERDADE DO OUTRO.
MAS EM TRABALHAR A SUA VERDADE
EM BENEFÍCIO DO BEM DE TODOS!
Era um dia lindo de Sol e mais um anjo chegava à Terra...
Nascia Mariana!
Tão esperada por seus pais, familiares, amigos... Era mais um
anjo que chegava para trazer alegria para aquela família!
Sua infância naquela casa foi muito feliz... Brincando de
corda na rua de paralelepípedos era observada pelo olhar cuidadoso de D.
Marizé, sua avó amada, que sentada na calçada, encantava-se com as brincadeiras
da criança! Como era sábia D. Marizé! Só de olhar o brilho de Mariana já
descobrira que ela era sim, uma menina diferente das outras de sua idade!
Mariana era uma menina
linda, com cachinhos castanhos e alegria nos olhos de tom amendoado... Sua presença iluminava aquela casa! Era o
orgulho de sua mãe e de sua amada avó! Seu destino estava escrito nas estrelas...
Uma linda história de vida começava a ilustrar as páginas rabiscadas pela
presença daquela doce criança que em breve se tornaria uma adolescente.
A sua família morava num bairro da Zona Norte do Rio de
Janeiro. Era uma família relativamente feliz, com seus problemas normais que
toda família tem, mas feliz. Desde nova, D. Marizé sempre ensinou a seus filhos
as palavras de Jesus, que aprendera com sua mãe. Nunca teve uma religião
definida e talvez por isso nunca tenha ensinado a religião para seus filhos, apenas
a palavra de Deus já lhe bastava... Fazia suas orações como se conversasse com
Deus e elas eram sempre sinceras e de coração.
D. Marizé teve quatro filhos. Amélia, Leonor, Maurinho e José
Mário. Perdeu seu marido logo cedo, mas
com os frutos de seu trabalho de lavadeira conseguiu o suficiente para dar-lhes
de comer, de vestir e o mais importante, que nenhum dinheiro no mundo
compraria... Caráter. Com o tempo, cada um de seus filhos foi arrumando sua
vida e realizando suas próprias conquistas e com elas, vieram também as
escolhas. Trabalhando desde cedo para ajudar D. Marizé, cada um deles seguiu
por um rumo diferente.
José Mário, o mais novo, se envolveu com essas coisas de
esporte... Ele tinha uma voz linda. Sabe aquelas vozes que ecoam dentro dos
corações? Pois é... A de José Mário era assim. Essa voz o levou rapidamente a trabalhar
como radialista numa emissora de esportes! Não demorou muito para que
percebessem seu potencial e convidassem-no para participar da “HORA DA AVE
MARIA”, que pontualmente acontecia às 18h todos os dias. Ele sempre fazia seu
trabalho de todo coração e sua ligação com a Religião Católica se fortalecia a
cada dia. De tão forte que passou a ser a sua crença na Igreja Católica, acabou
por incentivar Amélia a frequentar as missas do Padre Olavo, religioso bastante
respeitado em toda a paróquia local.
Amélia era a mãe de Mariana. Apresentada à Igreja por José
Mario, teve sua fé tão fortalecida que passou a trabalhar pela Igreja, sendo
voluntária em diversas atividades. Coordenava grupos de orações e organizava
procissões como ninguém. Levava Mariana e Felipe, seu filho mais novo, sempre
que podia para a Igreja. Incentivou-os a realizar todos os sacramentos que a
Igreja permitia! Assim como a mãe, mariana e Felipe passaram a entender sua fé
da forma ensinada pelo Catolicismo.
Já Leonor se casou com uma pessoa bastante difícil de lidar. Seu
marido Anselmo era mecânico de automóveis e nas horas vagas gostava mesmo de uma
sinuquinha com os amigos e um bom bate-papo até altas horas da madrugada nas
vizinhanças daquele bairro, que de boêmio só havia os velhos botequins da rua
da barbearia. O jeito de Anselmo sempre preocupou muito Leonor, mas o seu pior
momento foi quando se envolveu em uma briga e foi atingido por uma garrafa
quebrada que quase retirou sua vida. Imediatamente foi parar no pronto socorro
do bairro, onde passou a ocupar um leito da enfermaria. Nesse período, com
Anselmo entre a vida e a morte, um grupo de Evangélicos da Igreja que ficava
próxima à praça principal do bairro, entrou na enfermaria em que ele estava
sendo tratado e perguntou quanto tempo ele ainda ia demorar pra aceitar Jesus
como seu salvador! Não se sabe o que passou na cabeça de Anselmo, mas depois
daquela pergunta, como se um filme passasse em sua mente, ele enxergou o que
vinha fazendo com sua família e passou a frequentar, junto com Leonor, os
cultos todas as quintas-feiras, Dia da Vitória, da Unção e da Libertação na Assembleia
do seu bairro. Agradecida por Anselmo ter largado aquela vida que levava antes,
Leonor passou a ser Evangélica e a colocar sua fé em ação através da sua
Igreja.
Já Maurinho nunca foi muito dado às crenças religiosas.
Sempre achou que a independência era o seu futuro e na sua profissão de
caminhoneiro, se mandou por esse mundo à fora esperando o que a sorte lhe
reservasse. Seu bom coração e os ensinamentos de D. Marizé não permitiam que
ele se perdesse em suas atitudes, mas também não faziam com que ele acreditasse
que suas conquistas tinham algo a ver com esse Deus que sua família insistia em
acreditar. Era feliz assim e pronto.
Naquela família, até mesmo porque não tinham conhecimento
sobre religião, tiveram dificuldade em chegar a um consenso sobre o que era
certo ou errado. Toda vez que precisavam resolver alguma situação era aquela
dificuldade! Leonor e Anselmo não perdiam tempo em dizer: “leva fulana na minha
Igreja que o Pastor resolve!”. Amélia e José Mário, seguidos por Mariana e
Felipe, achavam que não havia nada que um rosário bem rezado não pudesse
aliviar! Já Maurinho nem queria se envolver nesse tipo de conversa... E nesse
conflito de vontades e achismos, acabaram tornando suas crenças uma distância
entre eles. Aos poucos pararam de resolver as coisas juntos e já não
concordavam em mais nada. Um sempre achava que o outro estava querendo saber
mais e entender melhor o que acontecia e, para evitar brigas desnecessárias,
acabaram por se afastar.
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