quarta-feira, 8 de maio de 2013

CONCÓRDIA NA UMBANDA - PARTE I


A CONCÓRDIA NÃO ESTÁ EM ACEITAR COMO SUA,
A VERDADE DO OUTRO.
MAS EM TRABALHAR A SUA VERDADE
EM BENEFÍCIO DO BEM DE TODOS!


Era um dia lindo de Sol e mais um anjo chegava à Terra... Nascia Mariana!
Tão esperada por seus pais, familiares, amigos... Era mais um anjo que chegava para trazer alegria para aquela família!
Sua infância naquela casa foi muito feliz... Brincando de corda na rua de paralelepípedos era observada pelo olhar cuidadoso de D. Marizé, sua avó amada, que sentada na calçada, encantava-se com as brincadeiras da criança! Como era sábia D. Marizé! Só de olhar o brilho de Mariana já descobrira que ela era sim, uma menina diferente das outras de sua idade!
 Mariana era uma menina linda, com cachinhos castanhos e alegria nos olhos de tom amendoado...   Sua presença iluminava aquela casa! Era o orgulho de sua mãe e de sua amada avó! Seu destino estava escrito nas estrelas... Uma linda história de vida começava a ilustrar as páginas rabiscadas pela presença daquela doce criança que em breve se tornaria uma adolescente.
A sua família morava num bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Era uma família relativamente feliz, com seus problemas normais que toda família tem, mas feliz. Desde nova, D. Marizé sempre ensinou a seus filhos as palavras de Jesus, que aprendera com sua mãe. Nunca teve uma religião definida e talvez por isso nunca tenha ensinado a religião para seus filhos, apenas a palavra de Deus já lhe bastava... Fazia suas orações como se conversasse com Deus e elas eram sempre sinceras e de coração.
D. Marizé teve quatro filhos. Amélia, Leonor, Maurinho e José Mário.  Perdeu seu marido logo cedo, mas com os frutos de seu trabalho de lavadeira conseguiu o suficiente para dar-lhes de comer, de vestir e o mais importante, que nenhum dinheiro no mundo compraria... Caráter. Com o tempo, cada um de seus filhos foi arrumando sua vida e realizando suas próprias conquistas e com elas, vieram também as escolhas. Trabalhando desde cedo para ajudar D. Marizé, cada um deles seguiu por um rumo diferente.
José Mário, o mais novo, se envolveu com essas coisas de esporte... Ele tinha uma voz linda. Sabe aquelas vozes que ecoam dentro dos corações? Pois é... A de José Mário era assim. Essa voz o levou rapidamente a trabalhar como radialista numa emissora de esportes! Não demorou muito para que percebessem seu potencial e convidassem-no para participar da “HORA DA AVE MARIA”, que pontualmente acontecia às 18h todos os dias. Ele sempre fazia seu trabalho de todo coração e sua ligação com a Religião Católica se fortalecia a cada dia. De tão forte que passou a ser a sua crença na Igreja Católica, acabou por incentivar Amélia a frequentar as missas do Padre Olavo, religioso bastante respeitado em toda a paróquia local.
Amélia era a mãe de Mariana. Apresentada à Igreja por José Mario, teve sua fé tão fortalecida que passou a trabalhar pela Igreja, sendo voluntária em diversas atividades. Coordenava grupos de orações e organizava procissões como ninguém. Levava Mariana e Felipe, seu filho mais novo, sempre que podia para a Igreja. Incentivou-os a realizar todos os sacramentos que a Igreja permitia! Assim como a mãe, mariana e Felipe passaram a entender sua fé da forma ensinada pelo Catolicismo.
Já Leonor se casou com uma pessoa bastante difícil de lidar. Seu marido Anselmo era mecânico de automóveis e nas horas vagas gostava mesmo de uma sinuquinha com os amigos e um bom bate-papo até altas horas da madrugada nas vizinhanças daquele bairro, que de boêmio só havia os velhos botequins da rua da barbearia. O jeito de Anselmo sempre preocupou muito Leonor, mas o seu pior momento foi quando se envolveu em uma briga e foi atingido por uma garrafa quebrada que quase retirou sua vida. Imediatamente foi parar no pronto socorro do bairro, onde passou a ocupar um leito da enfermaria. Nesse período, com Anselmo entre a vida e a morte, um grupo de Evangélicos da Igreja que ficava próxima à praça principal do bairro, entrou na enfermaria em que ele estava sendo tratado e perguntou quanto tempo ele ainda ia demorar pra aceitar Jesus como seu salvador! Não se sabe o que passou na cabeça de Anselmo, mas depois daquela pergunta, como se um filme passasse em sua mente, ele enxergou o que vinha fazendo com sua família e passou a frequentar, junto com Leonor, os cultos todas as quintas-feiras, Dia da Vitória, da Unção e da Libertação na Assembleia do seu bairro. Agradecida por Anselmo ter largado aquela vida que levava antes, Leonor passou a ser Evangélica e a colocar sua fé em ação através da sua Igreja.
Já Maurinho nunca foi muito dado às crenças religiosas. Sempre achou que a independência era o seu futuro e na sua profissão de caminhoneiro, se mandou por esse mundo à fora esperando o que a sorte lhe reservasse. Seu bom coração e os ensinamentos de D. Marizé não permitiam que ele se perdesse em suas atitudes, mas também não faziam com que ele acreditasse que suas conquistas tinham algo a ver com esse Deus que sua família insistia em acreditar. Era feliz assim e pronto.
Naquela família, até mesmo porque não tinham conhecimento sobre religião, tiveram dificuldade em chegar a um consenso sobre o que era certo ou errado. Toda vez que precisavam resolver alguma situação era aquela dificuldade! Leonor e Anselmo não perdiam tempo em dizer: “leva fulana na minha Igreja que o Pastor resolve!”. Amélia e José Mário, seguidos por Mariana e Felipe, achavam que não havia nada que um rosário bem rezado não pudesse aliviar! Já Maurinho nem queria se envolver nesse tipo de conversa... E nesse conflito de vontades e achismos, acabaram tornando suas crenças uma distância entre eles. Aos poucos pararam de resolver as coisas juntos e já não concordavam em mais nada. Um sempre achava que o outro estava querendo saber mais e entender melhor o que acontecia e, para evitar brigas desnecessárias, acabaram por se afastar.

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