quarta-feira, 8 de maio de 2013

CONCÓRDIA NA UMBANDA - PARTE II



Entretanto, mesmo em meio a essa falta de ligação entre os membros da família, ainda havia Mariana, que nunca se dava por vencida e procurava entender o mundo de vários pontos de vistas e com a alegria que lhe era peculiar! Foi quando Mariana se tornou uma incrível jornalista. Sabem aquelas jornalistas que não se cansam até encontrar a verdade dos fatos? Daquelas que investigam a fundo os acontecimentos até que não haja mais dúvidas sobre eles? Pois é. Mariana era assim. Excelente profissional, passou a escrever sobre as artes, sobre o ser humano e sobre tudo aquilo que norteava o comportamento das pessoas na sociedade. Estudou um pouco de tudo, de ciência, de história, de psicologia e até mesmo um pouco das religiões. No seu íntimo, ela buscava resposta para os seus anseios e tentava transmitir essas respostas para todos através das da coluna que passou a publicar na Superinteressante.
Apesar do seu sucesso profissional, o que mais chamava atenção em si eram os conceitos que havia aprendido com sua mãe sobre a vida e principalmente com sua avó Marizé. Era uma pessoa esclarecida e tinha a sua fé forte dentro do coração. Apesar de sua criação católica por Amélia, em suas palavras deixava transparecer uma crença em algo ainda maior. Era comum ver Mariana falando de energias positivas, de inspirações divinas e de algo que a movia, que não vinha só de dentro pra fora, mas também do Universo para si, como um sopro de vida que não se esgotava no seu próprio corpo, mas em algo muito maior.
Mas como a vida por vezes nos reserva surpresas, com Mariana também não foi diferente. Sua avó Marizé, já com idade bastante avançada, acabou por fazer a passagem enquanto dormia certa noite. Foi um choque pra toda família! Como Mariana sofreu aquela perda que parecia insuportável! Era ela que auxiliava sua mãe naquele momento de dor em que também precisava de um ombro amigo para encostar e chorar. E como um anjo em sua vida, apareceu Alice, sua amiga de infância, que ao saber da sua perda, correu para perto de Mariana para oferecer-lhe ajuda. Emprestou-lhe seus ouvidos por horas e horas para que ela se sentisse melhor.
Alice era de uma família espírita bastante esclarecida sobre a moral de Jesus. Ouvindo as lamentações tristes, mas também esperançosas, de Mariana e observando que tudo aquilo que ela falava era muito próximo dos ensinamentos aprendidos com sua família, Alice, na ânsia de ajudar Mariana a compreender melhor aquele momento de angústia que ela passava, orientou a amiga a procurar o centro espírita que seus pais frequentavam. E assim foi feito.
Mariana, que já não andava tão satisfeita com as explicações que lhe eram oferecidas por sua religião, em sua eterna busca pelo entendimento visitou o Centro Espírita Ramatis, onde passou a aprender sobre a Doutrina Espírita. Compreendeu a vida após a morte e a presença dos espíritos em sua vida e passou a aceitar melhor a falta que sua avó lhe fazia! Encantou-se por todo aquele novo universo que se descortinava aos seus olhos e descobriu que dentro de si também estava latente uma força que transcendia seu corpo e sua mente... Descobriu-se médium.
Eram tantas sensações novas, tantas descobertas... Insaciável como só ela, buscava sempre compreender mais e melhor. Estudava os livros. Lia sobre as sensações da mediunidade. Mas tudo se descrevia de forma sutil. Bem mais sutil do que a energia que passou a sentir percorrendo seu corpo e a fazendo vibrar dentro daquela casa espírita. Em pouco tempo, começou novamente a perceber que algo lhe faltava.
Faltava-lhe o contato. Faltava-lhe a troca da energia. Faltava deixar fluir através de seu corpo as sensações que a natureza lhe trazia. A vibração da sua casa espírita era maravilhosa. Mas o que sentia dentro de seu coração é que essa energia se intensificava ainda mais quando fazia suas orações em meio à natureza. O cheiro da mata a transformava. Pisar na areia gelada no final da tarde a fazia arrepiar até o último fio de cabelo... Era muito forte o que sentia. Questionava-se se as outras pessoas sentiam da mesma forma. Resolveu então conversar sobre isso com Alice, que então decidiu levá-la a um Centro Espírita Umbandista, que ficava no mesmo bairro em que Mariana morava, logo ali, subindo a rua de sua casa. E assim fizeram.
Chegando lá, Mariana se sentiu pisando sobre um solo sagrado e aquelas energias que costumava perceber em meio à natureza, de repente tomaram conta de seu corpo trazendo para si um turbilhão de fortes emoções que nunca havia sentido anteriormente. Era como estivesse chegando em casa depois de passar um longo tempo afastada. E ali ela teve a certeza! Era seu caminho.
Foi recebida pela dirigente daquela casa como uma filha recém-chegada, que após uma longa jornada, retornava ao seio familiar. Sua alegria era indescritível, mas a única coisa em que podia pensar naquele momento era que o abraço de sua avó Marizé, que nunca mais pôde sentir, seria dado a partir daquele momento pelos braços dos vovôs e vovós que cuidariam dela dali em diante.
Sua satisfação era tão grande que não se continha em seus próprios aprendizados. Passou a utilizar a sua coluna na revista para explicar para outras pessoas aquilo que acontecia com ela, afinal, outros poderiam estar passando por situações parecidas! O estudo se intensificava e com ele a sua ligação com o mundo espiritual também.



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