quarta-feira, 8 de maio de 2013

CONCÓRDIA NA UMBANDA - PARTE III



Em casa, Mariana não buscava apresentar a Umbanda para ninguém, a não ser que fosse perguntada sobre sua religião.  Foi desse jeito que Felipe passou a conhecer o Centro Umbandista que frequentava. Vendo a transformação no semblante de sua irmã, passou a entender a sua religião, a respeitar suas escolhas e a se fazer presente nos momentos importantes para a irmã que tanto amava. O restante de sua família não a compreendia, mas ela tinha a certeza de que um dia todos aprenderiam o mais importante sobre sua crença.
Certo dia, sua mãe Amélia adoeceu gravemente. Foi um enorme choque para Mariana, pois foi tão de repente que não pôde perceber que a doença se aproximava. Era algo no sangue, ainda pouco conhecido, que tomava conta de seu corpo pouco a pouco. Amélia já não tinha forças para mais nada. Nem mesmo fazer sua própria comida, uma sopa rala de inhame, ela conseguia fazer. As dores eram muito intensas e as chagas em seu corpo começavam a se abrir.
Mariana, sem saber a quem mais recorrer, pois já tinha visitado todos os tipos de médicos que conhecia, correu para os braços de sua dirigente e se pôs a chorar, pois sabia que algo muito sério estava acontecendo com sua mãe. Seu maior desespero era saber que por mais que quisesse, sua mãe nunca aceitaria entrar no seu Centro de Umbanda. Após acalmá-la, D. Rose, uma senhora já de idade avançada, que tinha muito mais de conhecimento e espiritualidade do que tinha de idade, sugeriu a ela que fosse feita uma intervenção curadora à distância em sua mãe. Para isso só precisaria de um lençol branco, um copo de água na cabeceira e muita fé. Pediu a Mariana que junto com sua família, passasse a noite em oração em benefício da saúde de sua mãe. Pediu ainda que reunisse o maior número de pessoas que amassem sua mãe para formar uma corrente vibratória forte naquele dia em que os caboclos e médicos do espaço tentariam ajudá-la.
Dito e feito. Mariana não pensou duas vezes antes de ligar para seus tios e primos, que vieram sem demora orar pela recuperação de Amélia. Reunidos na sala estavam José Mario, com o seu inseparável rosário de cristal, com o qual orava com toda a sua fé; Leonor e Anselmo, com as mãos apoiadas sobre a Bíblia fazendo suas súplicas a seu Salvador; Felipe agarrado à irmã, pedia pela recuperação de sua mãe e até Maurinho, que dirigiu horas e horas pela BR-101 para enviar seus bons pensamentos a sua amada irmã, tentava do seu jeito contribuir para que tudo desse certo.
Naquele momento não houve diferenças entre eles. Todos concordavam em seus objetivos. Não havia melhor nem pior, certo ou errado. O que havia era uma família que pedia a uma mesma força superior, pela recuperação do mesmo ser amado. Todos concordavam a respeito da fé! Todos confiavam que algo ia acontecer e dar certo, independentemente de como acontecesse.
No dia seguinte à corrente de orações, percebia-se animação na voz de Amélia. Em pouco tempo suas chagas começaram a se fechar e os tratamentos médicos voltaram a fazer efeito. Alguns acreditavam em milagres, outros em sorte... Mas o que ficava mesmo para Mariana era que o que atuou sobre sua mãe foi a força de um amor forte e indestrutível. Quando todos abdicaram de seus próprios conceitos em favor de outra pessoa que amavam e se dedicaram aquela pessoa com toda a foça do coração, houve um momento de concórdia. Um momento em que as forças se uniram em torno de um mesmo objetivo. E foi ali que Deus se fez maior.
Desde então, após a recuperação de Amélia, todos voltaram a se falar e comemorar os Natais na casa que pertenceu à D. Marizé. Naquele ano, quem preparou a Ceia de Natal foi Amélia, que fez questão de retribuir o amor dedicado a ela, por cada uma das queridas pessoas que a amaram tão intensamente. Mesa posta e todos reunidos ao seu redor, era chegada a hora da Oração de Natal. Agradecida a todos pela oportunidade que estava tendo naquele momento, Mariana ergueu sua taça de vinho à mesa, convidando a todos para que, cada um do seu jeito, comemorassem a vida daquele que padeceu na cruz para que enfim, pudesse haver a concórdia entre todos os homens de bem. E assim se fez. Cada um com sua crença, com sua fé, mas principalmente, com um só coração e um só pensamento.
E no fim, todos retornaram às suas vidas, às suas rotinas, às suas religiões sem nunca mais deixar que as pequenas diferenças apagassem de seus corações o maior símbolo de concórdia que aquela família conheceu: A FÉ EM DEUS E EM SEU AMOR INCONDICIONAL!
SALVE A UMBANDA E CONCÓRDIA PARA TODOS OS POVOS!

Com amor,
Nise.

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