quarta-feira, 21 de agosto de 2013

NANÃ E O DNA

Família tem umas coisas bem características às vezes, que com o tempo passam a fazer parte de nossas memórias e da saudade também. Mãe, quando fala braba que a gente é bem parecida com o pai, geralmente não está elogiando.

A ciência nos "apresentou" ao DNA, que nos mostra que nosso corpo é predestinado a algumas coisas. Cor de pele, cor dos olhos e traços de fisionomia são pequenos detalhes de um enorme histórico de milhares de séculos que trazemos, aperfeiçoamos e transmitimos aos nossos filhos.

A ciência é uma mãe que pode dizer que nosso corpo é destinado a alguns tipos de doença, as quais têm poder de limitar nossa vida, do mesmo modo que pode nos indicar os remédios e intervenções necessárias para melhorar e aumentar nossa expectativa de longevidade. No entanto, entre uma coisa e outra, há nosso poder de decisão. Se há em nossos cromossomos a possibilidade de nos tornarmos diabéticos, haverá a possibilidade de evitarmos que a doença se instale - dependendo do grau - em nossos corpos com dietas naturais. Note o que eu usei: “haverá a possibilidade de evitarmos que a doença se instale” – porque isso dependerá, logicamente, do pensar do indivíduo.

Há uma série de variantes que pode fazer a pessoa não aceitar a verdade, mesmo que ela tenha a verdade tatuada em seu DNA. Então no uso de seu livre arbítrio, o ser humano pode aceitar ou não o destino que sua genética impõe, como também é detentor da possibilidade de melhorar a espécie. Meus caros leitores, querendo ou não, ainda sobrevive em nós instintos que nos levam a procurar pessoas para "procriar" e "melhorar" nossa espécie geneticamente, embora isso seja bem sutil no meio deste mundo conturbado.

Creio que tenhamos um DNA espiritual também, o qual, da mesma forma que o DNA físico, nos predestine a algumas coisas, mas que nunca limitará nosso poder de opção. Reza a lenda africana que nossas almas foram moldadas no barro de Nanã, Orixá que está tanto no princípio como no final de nossas vidas, como diz este texto que eu achei apropriado:

“Pertencem a Nanã os búzios, que simbolizam morte por estarem vazios e a fecundidade, porque lembram os órgãos genitais femininos. Entretanto, o que a melhor sintetiza é o “grão”, pois, além de Nanã possuir domínio sobre a agricultura e desenvolvimento do homem, todo “grão” tem que morrer para germinar. Nanã é que dá nascimento às sementes permitindo transmutação e transformação contínua para que nada se perca.

Nanã é considerada a Divindade da Lua Escura, que tem como atributo a energia passiva, receptiva e libertadora propiciando o esquecimento do passado para se direcionar ao futuro. Ou seja, libertar o passado para iniciar um novo ciclo, com consciência e clareza."

A reencarnação é a possibilidade do amadurecimento do nosso DNA espiritual. Há coisas, em nosso espírito, que não se consolidam em uma vida só. Eu acredito em almas predestinadas, que trazem missões de amadurecimento tanto para si mesmas, como para um grupo ou uma cultura, mas também têm como principal motor propulsor o livre-arbítrio. Se Hitler houvesse usado sua grande mediunidade no sentido contrário ao que tomou a história, poderia ter sido diferente, assim como se Chico Xavier houvesse se negado a entregar sua vida à caridade ou mesmo Zélio de Morais, eu não estaria aqui escrevendo.

Somos todos elos do DNA infinito de Deus. Por vezes nos unimos em grupos diferentes de nossas famílias, com os quais temos mais afinidade, muito embora nosso real aprendizado venha de sabermos lidar com relações difíceis. A purificação e a evolução de nosso DNA espiritual só é possível com o entendimento pela fé do que é o amor, fraternidade e a caridade, através das mais diversas experiências neste sentido.

Como Umbandistas precisamos entender a energia de cada Orixá, mas também escutar a voz da sabedoria em cada entidade. Nas palavras proferidas há a energia das águas doces e salgadas, dos ventos, do fogo, da terra mãe e da solidez milenar das pedras, elementos transformadores e edificadores.

Nas comemorações à Nanã, nos é dada a possibilidade de transmutar nossos pensamentos para que em nossa vida haja progresso espiritual e que ele não somente nos atinja, mas à humanidade como um todo.

Saluba Nanã!
 
(Texto de autoria de Andréa Deren Destefani - extraído integralmente do endereço: http://coisasdecasados.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html)

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