sábado, 5 de outubro de 2013

OS BOIADEIROS

(Texto enviado por Magalhães)

No decorrer da gira de Caboclo, o chefe do terreiro diz:  - “Jetuá Boiadeiro!”. O Ogã prepara a mão e a solta no couro do atabaque e canta:
Eu Me Chamo Boiadeiro
Boiadeiro do Sertão
Vou andando pela estrada,
Cavalgando no Sertão!!!
Salve Seu Boiadeiro do Sertão!!!
Jetuê, Jetuá
Corda de laçar meu boi...
Jetuê, Jetuá
Corda de meu boi laçar!!!
O corpo começa a estremecer, o coração bate mais forte e a força, coragem, determinação, sabedoria, seriedade e alegria tomam conta do mental e do emocional do médium que rapidamente gira, começando a dançar e a movimentar seu braço em busca do chicote. Logo vem o grito: “ÊÊÊÊ! BOIIII!!”, demonstrando a força e a energia do Caboclo Boiadeiro.
Os Boiadeiros são entidades de luz que trabalham na linha dos Caboclos (Orixá Oxóssi). Eles representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, que com seu sangue quente e a pele queimada pelo sol forte, toca seu berrante para conduzir o rebanho e se utiliza de cantigas, que expressam sua humilde vida no campo. Nos seus trabalhos nos ensinam que o principal elemento da sua magia é a FORÇA DE VONTADE que deve ser firme para que consigamos uma vida melhor e farta.
Essas entidades de luz foram vaqueiros, boiadeiros, laçadores, peões, tocadores de viola; foram os mestiços brasileiros, filho de branco com índio, índio com negro e representam a miscigenação brasileira, com os costumes, crendices, superstições e principalmente a .
Em terra, o Boiadeiro estremece o plano astral inferior e envolve as entidades de baixa vibração com seu laço, afastando-os dos médiuns e dos consulentes. Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus e, numa transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.
Com amparo de Ogum seu Orixá protetor, os Boiadeiros encaminham todos esses espíritos desorientados ao domínio da Lei, que são direcionados para a busca da Evolução. Tal trabalho demonstra a caridade e o amor ao próximo dessas Entidades de Luz.
            De um modo geral, os Boiadeiros usam chapéu de couro com abas largas, para proteger-lhes do sol forte do sertão, calças arregaçadas, laços ou chicotes de couro, jalecos de couro, calças de bombachas, e tem alguns, que até tocam berrantes em seus trabalhos. O chicote e/ou o laço são suas “Armas Espirituais”, com eles vão dissipando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e os consulentes. A corda é usada com sabedoria para laçar o “boi brabo” ou para “buscar aquele que se afasta da boiada”, ou ainda usada para “derrubar o boi para abate”.
Dentro do campo mediúnico, os boiadeiros fortalecem o médium, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores.
Os boiadeiros aprenderam um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; um pouco com os negros: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião que falam de Jesus e de Nossa Senhora, entre outras coisas. Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e benzedura para todos os fins.
            São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos. Suas consultas são “curtas e grossas”, com a finalidade de dissipar energias inferiores, porém alguns gostam de conversar como um Preto-Velho ou podem receitar ervas como os caboclos fazem.
            Essas Entidades estão sempre alerta em qualquer alteração de energia local devido à entrada de espíritos na Gira. Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos indesejados, que entraram no local, a se retirar. Assim “limpam” a Gira para que a prática da caridade continue sem alterações. Esses espíritos inferiores atendem aos Boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por Eles para locais próprios de doutrina e evolução.
            Seu dia é quinta feira. Eles gostam de bebida forte como, por exemplo, cachaça com mel de abelha, que eles chamam de “meladinha”, mas também bebem vinho. Fumam cigarro, cigarro de palha e charutos. Seu prato preferido é carne de boi com feijão tropeiro, feito com feijão de corda ou feijão cavalo. Boiadeiro também gosta muito de abóbora com farofa de torresmo.
No Terreiro os Boiadeiros vêm “descendo em seus aparelhos” como estivessem laçando seu gado, dançando, bradando, enfim, criando seu ambiente de trabalho e vibração.
            Enquanto os “caboclos índios” são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.  
            Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes.
Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros e educam quem prejudica um médium que ele goste.
“Gostar” para um Boiadeiro é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele “filho”. Pois ser Filho de Boiadeiro não é só tê-lo como cavalo.
            Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam a humildade, a liberdade, o vigor e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com grande força e fé.
            Nomes de alguns boiadeiros: Boiadeiro do Sertão, Boiadeiro da Jurema, Boiadeiro do Lajedo, Boiadeiro do Rio, Carreiro, Boiadeiro do Ingá, Boiadeiro Navizala, Boiadeiro de Imbaúba, João Boiadeiro, Boiadeiro Chapéu de Couro, Boiadeiro Juremá, Zé Mineiro, Boiadeiro do Chapadão, Boiadeiro menino, Boiadeiro da Campina, Boiadeiro Bugre e muitos outros tipos de Boiadeiros.

Salve os Boiadeiros! Jetuá, Seu Boiadeiro!
Salve Seu Boiadeiro do Sertão
  

PONTOS DE BOIADEIRO

 QUEM VEM LÁ

Ô quem vem lá,
Sou eu, (3x)
Boiadeiro apareceu!! (Bis)

CORDA DE LAÇAR MEU BOI
Chetruá....chetruá
Corda de laçar meu boi,
Chetrua....chetrua
Corda de meu boi laçar. (BIS)

BOIADA DE 31
Seu Boiadeiro, cadê sua boiada (bis)
A Sua boiada é de 31,
Eu já contei 30,
E está faltando 1. (Bis)

VAQUEJADA
Eu tenho meu chapéu de couro,
Eu tenho minha guiada,
Eu tenho meu lenço vermelho,
Para tocar minha boiada.

ME CHAMAM DE BOIADEIRO

Me chamam boiadeiro
Boiadeiro eu não sou não,
Eu sou laçador de boi,
Boiadeiro é meu patrão

BOIADEIRO DO PIAUÍ
Olha quem chegou ai. (bis)
Com firmeza e alegria,
É o Boiadeiro do Piauí (bis)

BOA NOITE BOIADEIRO
Boa noite meus senhores,
Boa noite venham cá,
Eu me chamo Boiadeiro,
Em que posso ajudar.

ABRE A PORTA
Abre a porta minha mãe.
Deixa boiadeiro passar,
Ele vem de muito longe
Ele vem pra ajudar (bis)

BOIADA DE SÃO VICENTE
Boiada boa,
Boiada de São Vicente. (bis)
No meio de tanto boi,
Não achei nenhum doente.
Oi no meio de tanto boi,
Não achei nenhum doente.

ESTAÇÃO DA LEOPOLDINA
Seu boiadeiro,
Da Estação da Leopoldina,
Estava carregando gado,
Pra uma estação de Minas. (bis)
Mineiro ê,
Mineiro uai,
Seu boiadeiro,
Veio aqui pra trabalhar.

TODO PÁSSARO VOA
 (Antes de Subir)
Todo pássaro voa,
Só a ema não. (bis)
Boiadeiro vai embora,
Lá pro seu sertão. (bis)

(Após a Subida dos Boiadeiros)
Todo pássaro voa,
Só a ema não. (bis)
Boiadeiro foi embora,
Lá pro seu sertão. (bis)


3 comentários:

Contribuições feitas com o coração são bem vindas!