segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

UMBANDA - ÉTICA É FUNDAMENTAL

(Título original: De olho na Ética Umbandista - Créditos ao final do texto) 

Sabe quando algo te deixa vermelho de vergonha, sem graça, com batimentos cardíacos alterados? É a reação física quando você vai contra seus conceitos morais, seus valores. A Ética, que se fala tanto na atualidade, é um conjunto de valores específicos de um grupo. Se, ao pertencer a um grupo, eu entender os padrões morais que o regem, for contra eles e não me envergonhar, terei que repensar minha participação no grupo ou minhas atitudes.
É lógico que todos nós erramos, não somos perfeitos, estamos em evolução constante. Assim como nosso rol de valores não é petrificado, ele também evolui. 
Uma mãe passa seus padrões morais a um filho para que ele não sofra ao se adaptar à sociedade, para que seja feliz e livre. Na Umbanda, essa evolução de valores é "limitada" dentro de certas fronteiras, as quais não podem ser ultrapassadas: a fé , o amor e a caridade. Cada valor destes deve ser entendido para que exerçamos com ética nossa religião.
Segue texto escrito por  Mãe Lilian Maria Dallastra:


Ética na Umbanda
Escrever alguma coisa sobre este assunto requer mais do que um parágrafo, pois eu divido a Ética da Umbanda que pratico em 3 pontos:
Ética Sacerdotal
Respeitar os fundamentos de outras religiões e de outros Terreiros de Umbanda é premissa para ser ético como sacerdote. A minha verdade temporária é o que aprendi até então com os guias que me regem e tais ensinamentos permeiam o terreiro que dirijo. Além desta margem respeito todos os terreiros e seus ideais, regras e fundamentos, assim como espero que o terreiro que dirijo seja respeitado. Neste quesito, ser ético é não julgar o que não lhe compete. Outros dois pontos que merecem citação é a relação entre o pai ou mãe de santo e seus filhos. Além da discrição entre assuntos confidenciais do filho para com seu pai ou mãe de santo, a relação fraternal deve ser respeitada.
O que um filho de santo confidencia ao seu dirigente é por confiar no mesmo. O ser humano tem como hábito (triste hábito) a necessidade de contar um segredo que ouvir como forma de desabafo. Instintivamente isso acontece. O melhor amigo conta um segredo para o amigo, que conta para seu melhor amigo, que por sua vez conta para outro e por aí vai. Um sacerdote precisa ser ético com a sua referência e não transferir o peso da confissão para outro. A capacidade de ouvir e discernir sobre o assunto sem devaneios e auxiliar o filho fazendo-o pensar em soluções e caminhos diferentes sem interferir no livre arbítrio e em sigilo é papel do sacerdote umbandista.

- Ética dos Médiuns
Ser médium não é fácil justamente por ser tão simples e ninguém acreditar nisso. Ser médium é não fazer absolutamente nada que não seja ser instrumento nas mãos de um espírito de luz.
Sabiamente que todo médium deve estudar e procurar mais conhecimento. Ler livros, ouvir depoimentos e tantas outras fontes de conhecimento são maravilhosas oportunidade de aprendizado.
A mistura do “café com leite” (casamento de energias do médium e do guia espiritual) é fato, mas separar o que você pensa do que a entidade quer dizer é uma prática necessária e ética. Se o consulente quisesse a sua opinião, falaria com você e não com um guia. Já fui surpreendida algumas vezes quando minha resposta era A e a entidade queria dizer B. Neste momento eu poderia intervir na consulta, mas não o fiz.
Assim também como a ética num momento de consulta também é não quebrar regras da casa na qual você pertence. A partir do momento que você aceita as regras de um terreiro, cabe à você ser ético e cumpri-las. Além da ética está também a moral e os valores agregados ao convívio com os demais.
Neste caso é muito simples ser médium. Basta ser instrumento e não querer inventar moda. Passe a mensagem do espírito e não queira ser mais que o espírito, pois o espírito certamente não tem a vaidade que o médium tem muito menos a pretensão em querer falar além do necessário.
É importante falar também que não é ético por parte dos médiuns, saírem “posando de pai/mãe de santo”, quando “incorporados” ou não dizendo frases do tipo:
- Eu sei com quem você trabalha! Se eu fosse você pedia para jogar obi novamente, pois acho que você não é de Ogum, é de Oxossi! Você viu aquele irmão que ficou no meio na hora de Ogum de Ronda? Coitado, deve estar muito perdido... Tenho um recado da pomba-gira para você! Ei! Eu sonhei com o seu caboclo de Oxóssi! Sei quem ele é! Sua cigana usa uma saia azul com listras laranjas e bolinhas verdes!
Atitudes como esta são totalmente antiéticas! Qual é o direito que uma pessoa tem de determinar o que é ou não é para o outro médium? A vaidade faz as pessoas fazerem muitas coisas, infelizmente. Hoje, como mãe de santo, não faço isso por não me achar no direito de roubar o aprendizado do médium... Neste caso, ser ético é não se intrometer no desenvolvimento do outro. Ser ético é ajudar seu irmão de corrente em dificuldades sim, mas não se intrometer na espiritualidade.
Há pessoas que se julgam tão boas na questão da adivinhação, desdobramento, clariaudiência, clarividência e psicografia que não sei mesmo porque vão ao terreiro... Se possuem toda esta mediunidade porque possuem tantos problemas ainda na sua vida carnal? Será que com toda essa informação espiritual ainda não adquiriram o equilíbrio necessário para se ajudar e ajudar os outros sem atrapalhar? Enfim...
A ética do médium se resume em respeitar a Umbanda da Casa que pertence, não se intrometer na espiritualidade dos outros e ser fiel as mensagens dos espíritos. Como falei lá no início do texto, é muito simples... o médium é que complica tudo!

Ética entre as religiões e terreiros
As religiões são responsáveis por explicar a morte. Isto eu aprendi na faculdade. Além disso, agrego como função das religiões a capacidade de explicar a nossa existência. Assim foram nascendo as religiões, cada qual com suas intencionalidades e paradigmas.
Aqui me atenho à Umbanda, nascida há mais de 100 anos, ainda um bebê. Aos 17 anos perambulei nas religiões para me encontrar, mesmo sendo de outra religião desde pequena. Conhecendo várias me encontrei na Umbanda. As pessoas deveriam fazer o mesmo antes de decidirem qual religião seguir. A tradição passada de geração para geração é muito bonita, desde que seja pela prática da liberdade.
Hoje vemos religiões se atacando. Uma se dizendo ser melhor do que a outra. Medem a quantidade de fiéis, de bens... Onde está a ética se uma religião prega que a outra não presta? A mesma pergunta eu faço para quem fala mal de um terreiro ou de outro?
Esta ética entre os terreiros também é muito simples: não fale mal dos outros, pois quem fala mal é espelho da maldade. Propagar verdades inerentes aos fatos é o mesmo que cuspir para cima. Muitas pessoas entram num terreiro falando mal de outro do qual saíram. Isto é antiético. O dirigente já fica com o pé atrás... Mudar é preciso, mas sair falando mal é maldade. Se algo não lhe serve, não use, mas também não saia difamando. Seja ético!
O mesmo se dá em relação aos dirigentes das Casas. Um dirigente que desfaz de outro é a mesma coisa, tão simples como tudo o que já descrevi até agora. É medo de não ser suficientemente bom para manter seus filhos na corrente e ajuda-los verdadeiramente na caminhada ou puramente ego elevado.

Compilado por CEENC do texto original de Mãe Lilian - Terreiro Vovó Benta- Curitiba - Publicado por Andréa Deren Destefani – Blog Coisas da Vida

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