sábado, 26 de abril de 2014

A UMBANDA QUE AMAMOS




Oi irmãos,
Não sei se todos ficaram sabendo, mas esse ano foi sancionado pela nossa Presidente da República o Dia Nacional da Umbanda. Dia 15 de novembro passou a ser oficialmente a data de comemorarmos a origem, a valorização e a difusão de nossa religião, genuinamente brasileira. Foi escolhido esse dia pois foi nele, em 1908, que o médium Zélio de Moraes recebeu a missão de fundar o novo culto que falaria aos humildes e puros de coração... Era chegada a nossa Querida Umbanda.
Essa missão recebida por Zélio de Moraes estava longe de ser uma missão fácil. Além de servir de instrumento à pratica da caridade através dos atendimentos espirituais, ele precisava fundar uma religião espiritualista a qual todos pudessem praticar, amar, e TAMBÉM dizer: “EU TENHO ORGULHO DE SER UMBANDISTA”.
Por vezes nos entristecemos ao ouvir as pessoas falando coisas erradas sobre a Umbanda. É na televisão, nas ruas, no trabalho e até mesmo dentro de nossa própria casa. Mas por que será que isso acontece? Será que a culpa disso tudo está somente no julgamento daqueles que nos veem de fora???!!! Será que precisamos gritar e impor ao mundo a nossa religião???!!! Será melhor atacarmos a religião dos outros para que parem de falar da nossa Umbanda???!!!
A Umbanda é sim uma religião Universal, culturalmente rica e bastante fundamentada em princípios cristãos. Mas principalmente, a Umbanda é uma corrente de fé, de amor e das diferenças que se tornam igualdades. A Umbanda é o repeito ao próximo e a si mesmo, sempre dentro da verdade. É a paz, a compreensão. É disciplina, disciplina e disciplina. E para nós, médiuns agraciados pelo entendimento, é o mais amplo sentido da palavra DOAÇÃO.
Então irmãos, hoje faço um convite a todos vocês. Que tal pararmos um pouco para pensar qual o nosso papel, como médiuns, para que o mundo possa entender a nossa religião como ela é de verdade? Não o que o mundo deve fazer, mas sim, o que nós precisamos fazer para que nossa religião seja respeitada, amada e compreendida por todos aqueles que hoje, por vezes, não sabem o que dizem... Vocês aceitam? Então vamos lá!

Tema de Hoje:

“SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER PARA O MUNDO!”
(Obs: O título é de Gandhi, mas o texto é nosso...)

Quantas vezes reclamamos de tudo aquilo que as pessoas fazem e que nos incomoda? Quantas vezes reparamos em manias e costumes que nos desagradam nas pessoas? Parece ser mais fácil enxergarmos o que nos incomoda, nos sentirmos ofendidos por palavras que o vento não leva e nos julgarmos injustiçados pelos achismos do mundo. Entretanto, o mais fácil quase nunca é o que traz resultados importantes.
Nós, médiuns de Umbanda, somos parte integrante daquilo que a nossa religião transmite para o mundo. As pessoas se pautam nas nossas atitudes para definir sua opinião sobre a Umbanda. Sendo assim, podemos dizer, que estamos sempre sendo observados em nosso branco e em nossa vida, como responsáveis por levar o nome da nossa religião sempre avante.
É cada vez mais necessário que vigiemos nossas atitudes para que não tenhamos comportamento aquém daquele esperado dos religiosos sérios e preocupados com o bem do próximo. Não significa que tenhamos que ser perfeitos ou precisemos deixar de fazer o que gostamos, mas devemos fazer sempre dentro daquilo que pregamos e que aprendemos em nossos estudos e experiências diárias.
Já aprendemos em oportunidades anteriores que o médium possui um emaranhado de canais por onde são filtradas as energias que circulam entre a Terra e o Espaço. É através desses canais que as comunicações espirituais se realizam. Por estarmos susceptíveis às mais diversas formas de fluidos, precisamos sempre manter o equilíbrio e a harmonia de nossos corpos e de nossas mentes, a fim de que o trabalho caritativo ocorra de forma positiva.
Contudo, por vezes, não é isso que vemos acontecer. Esquecemos de nos guardar das baixas energias e nos tornamos acessíveis aquilo que não fará de nós instrumentos adequados. Não precisamos deixar de sair pra dançar, deixar de beber nossa cervejinha com os amigos... O que precisamos é nos impor alguns limites. Frequentar lugares de baixa vibração não faz mal somente ao nosso equilíbrio espiritual (pois temos total consciência do que vamos encontrar, não é mesmo?), mas também nos expõe de forma negativa.
Imaginem só... Um dia, o consulente vai a uma casa de Deus se consultar com a entidade de luz e no dia seguinte encontra o médium da casa religiosa caindo de bêbado em algum lugar... Será que você se sentiria confortável nessa situação? O médium antes de tudo, precisa entender que está levando para o mundo a palavra de Deus, portanto, deve cuidar para que o que fala e o que faz não sejam tão diferentes assim. Isso é uma questão de transmitir confiança a quem precisa.
Outra situação bastante importante a se conversar é a respeito da fofoca. O médium incorporativo, na maioria das vezes, é consciente ou semiconsciente, guardando para si alguns registros daquilo que é falado em seus atendimentos. Não podemos falar sobre o que se conversa. Não devemos comentar sobre a vida dos outros. Precisamos ser éticos em nossos trabalhos, pois estamos lidando com a vida das pessoas e só elas tem o direito de dividi-la com quem quiserem, não nós. Isso é contra o que aprendemos na verdadeira Umbanda.
Outra questão importante envolvendo a fofoca é aquela que acontece quando médiuns se acham no direito de falar de outros médiuns. Julgar suas atitudes e criticar suas escolhas. Não devemos e não podemos fazer isso. A nossa Umbanda nos ensina que somos uma família unida por laços de amor e fraternidade. Prezamos a harmonia das relações, por isso, de forma alguma podemos aceitar ouvir comentários negativos ou pessoais sobre nossos irmãos. Será que isso é respeitar o próximo? Isso é o que pregamos?
A Umbanda tem o elo familiar como elemento sagrado dentro da religião. Como entender que aquele mesmo médium que ontem você encontrou na casa espírita, te ensinando que a família é a base da vida, esteja hoje traindo seu companheiro de relacionamento e faltando com respeito ao elemento que ontem dizia ser tão importante? Você creditaria a ele sua confiança novamente?
O que dizer então daquele que podemos chamar de “o médium folgado”? Aquele que é sempre o último a chegar e o primeiro a sair? Aquele que sempre tem uma desculpa e que sempre tem um compromisso muito importante no dia do atendimento caritativo, e por isso nunca se prepara para o trabalho? Pois é. Quando se faz parte de uma corrente, a preocupação em estar em harmonia com os que lá se encontram deve ser constante, pois um que esteja em desequilíbrio, sobrecarrega outros que estão ali para prestar caridade. Não há como se prestar um trabalho que envolve concentração para o aconselhamento e orientação, quando os seus próprios problemas são maiores que a sua entrega na casa de Deus... E assim que termina a corrente, lá vai embora correndo o médium apressado, deixando pra traz os companheiros de corrente novamente...
Ainda falando do nosso médium apressado, muitas vezes é exatamente ele que sai da casa espiritual se sentindo carregado e consumido pelo trabalho prestado... Mas a culpa é dele? Com certeza ele vai dizer que não... Vai espalhar para meio mundo que a culpa, na verdade, é da casa que ele frequenta, que já não está forte há muito tempo, já não é mais a mesma coisa... Vai dizer que já foi tempo em que os guias eram bons... E que hoje só não sai mesmo porque precisa ajudar na corrente, senão só Deus sabe. E aí está ela de novo, nossa já conhecida fofoca! Se você que é médium da casa, fala para meio mundo da casa que frequenta... Como querer que os outros dêem credibilidade a você como médium da casa e à sua religião, que permite que isso aconteça? E lá vai mais pano pra manga para aqueles que querem falar mal da nossa Umbanda!
E o que dizer daqueles médiuns que não deixam de dizer que levaram uma surra do santo ou do Orixá? Como assim, gente??? Como queremos respeito e entendimento se nós mesmos difamamos a nossa própria crença? Umbanda é amor, é paz, é perdão! Umbanda é de Deus, preza pela vida! Como dizer que Deus dá uma surra ou castiga??? Não dá né?
Ainda tem aqueles que adoram contar piadas sobre a Umbanda utilizando termos depreciativos para descrevê-la! Como entender um Umbandista dizer: “chuta que é macumba!”? Ou então “Isso aí é macumba da braba!”? Precisamos preservar a Umbanda desse tipo de comentário! Como querer que as pessoas levem a sério a sua crença, se você mesmo não consegue?
Ao contrário desses que fazem comentários depreciativos, há também aqueles que levam sua crença ao fanatismo, que é muito prejudicial à verdadeira prática religiosa. Ligam tudo o que acontece à presença de espíritos, seja cansaço, dor de cabeça, tropeço, insucesso, ou qualquer outra coisa que se imagine... Haja encosto pra tanto problema! Essas pessoas passam uma imagem muitas vezes superficial da Umbanda, fazendo com que os Espíritos que nela trabalham, sejam tidos como responsáveis por tudo que acontece na vida alheia. Além disso, o fanático tem o costume e insistir em falar de sua religião em todos os momentos e de querer que todos sigam suas convicções, tratando as outras crenças como menos importantes. Esse tipo de atitude também afasta as pessoas da Umbanda, uma vez que entendemos que religião boa é aquela que nos ensina a prática do bem.
Ainda, há aqueles que tem uma “vaidade espiritual” altamente aflorada, enaltecendo as qualidades de suas entidades ao ponto de dizer que as outras não são tão fortes quanto as suas! Por que então será que não cancelam todas ao outras entidades e deixam só as dele trabalhando? Isso também passa a impressão de que a Umbanda não deve ser totalmente levada a sério, somente quando a entidade daquele médium estiver presente é que vai ser uma boa gira.
Outro aspecto bastante importante é a postura do médium dentro da casa espiritual. Deve-se respeitar o recolhimento espiritual que se pretende alcançar em qualquer casa de Deus. Alguém já entrou em uma Igreja onde o padre e o coroinha estavam às gargalhadas, falando alto, contando piadas de conteúdo duvidável, ou rindo de comentários sobre os fiéis? Não, né? Pois é... Na casa espiritual também não pode haver isso... É a casa de Deus, onde deve haver respeito pelo trabalho, pelos Espíritos de Luz que ali se encontram e pelos consulentes que chegam em busca de paz e auxílio. Educação, gentileza, respeito e boa vontade são fundamentais dentro dos fundamentos de nossa religião.
Não menos importante é o cuidado que o médium precisa ter com a sua apresentação para o trabalho caritativo. Estar sempre preparado, com seus banhos de erva tomados, sua roupa limpa, seu material de trabalho pronto e ter responsabilidade com os horários e compromissos assumidos são fundamentais para que as atividades dentro de uma casa espiritual se desenvolvam em harmonia. A Umbanda preza pela disciplina e quem a procura não precisa de mais desorganização, precisa sim de algo que possa levar às boas práticas, aos bons costumes e à organização de sua própria vida!
É importante lembrar que a nossa mediunidade foi nos dada como ferramenta para o desenvolvimento espiritual. Foi nos dada para trazer alento e conforto àqueles que procuram por uma palavra de carinho. Não devemos ser vaidosos e ultrapassar os limites da nossa mediunidade. Não podemos dar conselhos às pessoas, como se tivéssemos recebido uma inspiração divina. Nós não somos ninguém para fazer isso. Se a pessoa busca uma inspiração divina, ela precisa procurar uma casa espiritual, conversar com a dirigente espiritual ou com as entidades que se apresentarem para o trabalho caritativo. Nós não temos o direito de nos acharmos capacitados para falarmos em seu nome. Elas mesmas podem fazer isso. Agindo assim, por vezes acabamos falando o que não devemos, causando traumas e outros problemas às pessoas, o que não é nem um pouco de acordo com o que a Umbanda nos ensina. E pior, há ainda aqueles que cobram por isso... Como queremos que a nossa Umbanda seja bem vista, se aqueles que se julgam seguidores ainda insistem em não praticar os seus fundamentos básicos, como dar de graça o que de graça receberam?
Por fim, sem nem ao menos chegar perto de esgotar o assunto, não podemos esquecer: Se perguntarem a você algo sobre sua religião que você não saiba responder, por favor, não responda! O médium precisa estar preparado para levar os ensinamentos do Cristo ao mundo através do estudo da doutrina e da experiência transmitida por suas entidades e mentores. Quem procura pelo conhecimento não busca informações conflituosas. Busca esclarecimento. Se você não estiver pronto para esclarecer, diga que vai estudar antes de responder. Pergunte a quem possa saber. Leia um livro sobre o assunto. Converse com os Espíritos de Luz... Mas por favor, não multiplique o conhecimento errado, porque ele é a chave para a incerteza, para a insegurança e para a descrença na nossa religião. Não é vergonha não saber. Vergonha é não querer aprender! A Umbanda é linda e fundamentada! Vamos divulgá-la na sua verdade, não nas nossas invenções.
Bom irmãos, poderíamos ficar aqui conversando muito ainda sobre as várias condutas que devemos procurar seguir para servirmos de exemplo para aquela Umbanda linda a qual tanto nos orgulhamos de pertencer! Mas o nosso tempo é curtinho! Então, gostaria de dizer a vocês que escrevendo essas linhas, não tenho a pretensão de dizer que faço sempre o que deve ser feito... Aliás, estou muito longe disso. Apenas venho compartilhar tudo aquilo que percebi que ainda tenho que crescer e aprender nos próximos capítulos dessa minha vida. Espero conseguir melhorar a cada dia com a ajuda de todos vocês e que juntos possamos crescer no amor, na caridade e na fé, levando o Nome da Umbanda aonde todos possam não só vê-lo e ouvi-lo, mas principalmente, senti-lo e, então, respeitá-lo.
Fazendo nossas as palavras do Cabolo Junco Verde, termino esse texto ressaltando que as pessoas precisam entender que nas reuniões Umbandistas há um exército que obedece às ordens de Oxalá. Igual ao exército da Terra, os soldados da Umbanda tem o compromisso assumido de defender os fracos; enaltecer os humildes; coibir a prepotência; tirar da escuridão os aflitos, os desesperados e os obsediados; curar os doentes; alegrar os tristes; acalmar os nervosos; aliviar a dor; encaminhar os desajustados; salvar os viciados e trazer honra para a religião brasileira que é a nossa amada Umbanda.
Assim, que nesse primeiro Dia Nacional da Umbanda, oficializado, nós, seus soldados, possamos ter a consciência da importância da palavra EXEMPLO! Que possamos entender que respeito não se ganha, se conquista e, só conquistamos aquilo que merecemos! Que compreendamos que nossas atitudes refletem sim na religião, pois somos parte importante dela; que elas sejam boas atitudes para que não sejamos apenas uma moldura bonita no espelho da vida, mas sim o vidro onde as boas ações sejam refletidas!
Honremos o nome da Umbanda e que hoje e sempre, A MISSÃO SE CUMPRA!
Com amor,
Nise.

3 comentários:

  1. Minha querida irmã Nise,
    Que texto lindo!!!! Suas palavras me fizeram refletir sobre muitas coisas onde devo melhorar....Que bom poder refletir através de tão lindas e sábias palavras!!!! Melhor ainda é saber que sempre há tempo para recomeçar!!!!
    Parabéns CEENC!!!!

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  2. Que Papai do Céu nos ajude a melhorar sempre!!!!!

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