Com apenas seis
anos, Beatriz Martins decidiu que sua missão seria ajudar o próximo e fazer a
corrente do bem se multiplicar.
Um dia, passeando
de carro com a família, parou em um semáforo e viu crianças, como ela, pedindo
balas para os motoristas.
Chocada, não
conseguiu entender as diferenças sociais entre ela e aquelas crianças.
Elas
estavam com roupas rasgadas.
Perguntei
ao meu pai por que estavam daquele jeito, relembra Bia, inconformada com a cena.
O pai, dedicado,
deu a ela algumas explicações sobre as diferenças sociais.
Mesmo
assim, eu continuava não entendendo, achava uma injustiça, disse a menina.
A cena não saiu da
sua cabeça. Ela queria ajudar.
Apesar de não
saber como isso poderia ser feito, passou quatro meses guardando toda bala,
pirulito ou doce que ganhasse.
Quando chegasse o natal, o plano era distribuir
todos os doces na comunidade daquelas crianças do semáforo.
Surpreso com a
atitude da filha, o pai chamou amigos, vizinhos, parentes e quem mais pudesse
ajudar para recolher donativos.
No Natal daquele ano, atendemos seiscentas crianças, lembra Bia.
Ela ainda não
sabia, mas tinha acabado de fundar sua ONG.
Na Páscoa e nas
próximas datas comemorativas, a menina também entrou em ação, alcançando mais
duas mil crianças em todo o Estado de São Paulo.
Não demorou muito
para a iniciativa ganhar nome – Olhar de Bia – e se consolidar.
Nos dias atuais,
com treze anos e articulada como gente grande, Bia não para de multiplicar a
corrente.
Ampliou sua
assistência para além das comunidades, e passou a fazer ações em escolas e
creches.
Em dezembro do ano
de 2013, enviou doações para as vítimas das fortes chuvas do Espírito Santo,
que deixaram mais de sessenta mil pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Somente no Natal de 2013, vinte e dois mil, cento e
oitenta e sete itens, entre brinquedos, alimentos, aparelhos eletrônicos,
roupas e livros foram distribuídos.
A
gente não faz só a ação, é um evento com trio elétrico, mágicos, brinquedos
infláveis, tudo com voluntários, conta
a garota.
Em sete anos, o Olhar de Bia informa ter atendido mais de
cem mil brasileiros.
As
pessoas querem ajudar, não sabem como, e sempre vão deixando essa vontade para
depois, afirma.
A garotinha, que
já foi deputada federal mirim em Brasília, sonha em ser jornalista e lutar
pelas causas sociais.
Agora, ela quer
mais. Pretende oferecer cursos profissionalizantes para jovens, criar parcerias
com outras organizações para levar assistência odontológica a escolas da
periferia e construir uma sede para a ONG.
A
ideia é espalhar a sementinha, ajudando cada vez mais.
*
* *
Um
gesto de caridade
Apaga
muitas feridas
Um
minuto de evangelho
Pode
salvar muitas vidas.
De
gotas d’água o ribeiro
É a
doce e clara união
De
segundos faz-se o tempo
De
migalhas faz-se o pão.
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