segunda-feira, 3 de novembro de 2014

JOAQUIM - VALOR DA MEDIUNIDADE

(Texto enviado por Wânia)

"NINGUÉM É MÉDIUM POR ACASO"
Joaquim, um Espírito recém-desencarnado, cuja vida na Terra havia sido péssima, fez um requerimento aos mentores espirituais de planos mais elevados, rogando desesperadamente nova oportunidade para resgatar as dívidas contraídas na extinta existência corpórea. Era tão grande seu arrependimento e tanto o torturava a própria consciência que, ao pedido feito, suplicava novo corpo físico, em qualquer situação, qualquer tipo de existência, por pior que fosse: poderia vir louco, cego, deficiente físico, mudo, deficiente mental, canceroso, leproso, morfético, fosse o que fosse, pouco lhe importaria. Submeter-se-ia com resignação, mas desejava encarnar-se de novo e para isso, suplicava de joelhos.
Levado seu pedido ao alto, Deus, em sua infinita misericórdia, avaliou seus rogos, seus desejos, e atendeu-o; dar-lhe-ia oportunidade para reencarnar-se. Porém, dizia a permissão que o filho pedinte não necessitava vir à Terra com deficiência física, doença ou perturbações mentais. Apenas uma condição lhe seria imposta: nascesse, na Terra, como homem normal, mas viria como médium e comprometer-se-ia a prestar a caridade quatro horas por semana, durante trinta anos, ou seja, dos vinte até os cinquenta anos. Feito isso, sua dívida estaria saldada. Joaquim, é claro, chorando de alegria, reencarnou-se.
Até vinte anos de idade, tudo foi normal. Daí em diante desabrochou a mediunidade. Passou então a frequentar um templo espírita, trabalhando duas horas na terça e duas horas no sábado. Assim, foi levando placidamente sua existência e até casou.
Voltemos ao plano espiritual. Quarenta anos depois do nascimento de Joaquim, os mentores espirituais depararam com outro irmão necessitado de socorros urgentes, para tanto, tinham de recorrer a um médium na Terra, que pudesse se sintonizar com a vibração grosseira daquele Espírito em desespero, a fim de aliviar seus sofrimentos morais, após a necessária doutrinação.
Um dos mentores, então, lembrou-se do Joaquim, o irmão que fizera o requerimento pedindo para encarnar-se nas piores condições possíveis, mas que por bondade de Deus, apenas lhe fora imposta a faculdade mediúnica com a finalidade de ressarcir males semeados. Sim, o Joaquim era a pessoa indicada, porque deveria estar em plena atividade, já fortalecido em seu dom e ser-lhe-ia útil naquela emergência. Consultada sua ficha cármica, comprovaram o fato. Daí resolveram conduzir aquela alma sofredora até o médium para que sua mediunidade de incorporação, ajudasse o irmão aflito. E levaram-no até o centro, onde o médium compromissado deveria estar atuando, pois era um sábado, dia de sessão.
Chegando ao centro, os mentores viram outros médiuns, menos o Joaquim… Um deles disse apreensivo: “talvez esteja doente… vamos até sua residência e apliquemos-lhe passes magnéticos para revitalizar-lhe, neutralizando algum mal-estar que por ventura tenha sido acometido”.
Rumaram direção ao endereço do médium. Antes, porém, deixaram o Espírito angustiado entregue a outros médiuns daquele templo. Ao chegarem ao lar de Joaquim, encontraram-no. Lá estava ele deitado em uma rede, ocioso e indiferente, tomando uma cerveja. Surpresos, os mentores ainda ouviram a esposa do médium irresponsável perguntar-lhe por que não fora ao centro, pois era dia de sessão. O marido respondeu que fazia muito calor e ele já estava cansado de ficar horas e horas a atender irmãos que compareciam ao centro para aborrecê-lo…
Um dos mentores observou: “Não foi este que pediu para reencarnar-se como louco, cego, idiota, leproso, canceroso ou o que merecesse, desde que lhe fosse permitido reencarnar-se em novo corpo físico?… E Deus, na sua infinita benevolência, tão somente lhe impôs servir como médium, trabalhando quatro horas por semana, dos vinte aos cinquenta anos de idade… E só isso? Ele está agora com apenas quarenta de vida terrena!” É verdade, afirmou o outro, e ambos tristes, compadecidos do irmão, se retiraram.

***
Ninguém é médium por acaso.
Há responsabilidades, compromissos, resgastes, missões e um longo passado que não temos acesso nesse momento e nessa realidade. Portanto, menosprezar ou achar que a mediunidade é simplesmente um dom, um acontecimento, uma fatalidade, uma escolha, um desejo, uma vantagem ou desvantagem dessa encarnação, é um grande erro.
Ignorar o dom recebido com determinado propósito é um grande erro. Essa atitude interfere no presente, no futuro, no próximo, na vida daqueles que nos cercam e principalmente no plano espiritual. Dessa forma, pensamentos egocêntricos, em que o desejo e as escolhas pessoais prevalecem sobre o coletivo, só promove a dor.
Quando encarnamos na Terra e recebemos de Deus uma missão de auxílio para nossa evolução, através de dons mediúnicos, precisamos entender que fazemos parte de um plano do mundo espiritual para evolução e crescimento nosso e daqueles que venham cruzar nossas vidas. É importante que nos dediquemos ao serviço útil, pois assim, mesmo encarnados, estaremos trabalhando pela busca da verdadeira felicidade.
Quantas vidas não podemos auxiliar e quanto aprendizado não poderemos adquirir... A preguiça é nossa maior inimiga, pois o tempo que deixamos de prestar a caridade e nos evoluir, é o mesmo que levaremos para alcançar nosso melhoramento espiritual na vida que se segue, na Terra e no Espaço! Precisamos abrir mão daquilo que não auxilia e não faz crescer, aproveitando o curto tempo que nos foi dado na Terra, para cumprir nosso compromisso com Deus! Afinal de contas, o compromisso assumido deve ser honrado. Foi nos confiada uma missão pela qual nos responsabilizamos pelo cumprimento. Portanto, não devemos considerar penoso ou árduo dedicar um pouco de “nosso” tempo à pratica da caridade e ao exercício da mediunidade em benefício próprio e alheio, afinal, dividindo o nosso tempo com os irmãos necessitados, multiplicamos o amor... E todo amor que se multiplica, volta para nós e para os que amamos ainda mais forte e verdadeiro.
Ser médium é a maior oportunidade que um ser tem para se transformar em um Ser Humano Melhor!
“Eu me sinto feliz de ser obstinadamente médium
Eu gosto de ser médium, gosto dessa palavra
Quero morrer médium
É tudo o que eu sempre quis ser…”

(Chico Xavier)

(Texto de J.Edson Orphanake - Livro “Umbanda: Perguntas & Respostas / Comentários por Mãe Mônica Caraccio e CEENC).

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