(Texto aplicado à Mesa de Estudos na Umbanda I - Em 25.05.2013)
Uma mulher foi visitar o seu pai, que era um iogue muito respeitado na
região sul da Índia antiga. Assim que os dois se encontraram, moça disse:
- Pai, sempre observo como você é respeitado pelas pessoas. Queria ter
toda essa tranquilidade que você tem. Como faço para conseguir paz em minha
vida?
O pai olhou sua filha, ficou feliz pela
pergunta e disse:
- Filha, deixe isso de lado um pouco. A paz é
algo ainda distante. Comece, por enquanto, jogando fora algumas coisas em sua
casa que você não precisa e que não te trazem boas lembranças.
A filha ficou visivelmente contrariada. Não
entendia a atitude do pai. Sendo um homem tão sábio, por que dava orientações a
todos, mas se negava a ensinar sua própria filha?
A moça retornou ao seu lar e sentiu que,
realmente, seria um bom momento de se desfazer de alguns pertences que já não
utilizava. Estava mesmo sentindo que sua casa precisava esvaziar-se de algumas
tralhas.
Primeiro de tudo, resolveu localizar os objetos
dos quais não mais necessitava. Pegou antigos presentes usados, roupas velhas,
sapatos furados, bijuterias e até algumas cartas de antigos namorados. Conforme
ia pegando nas roupas rasgadas, surgiam lembranças dos momentos em que as usou.
Levantou bastante poeira movimentando tudo, tirando do lugar e se jogando fora.
Não foi nada fácil desapegar-se de certos pertences, em especial aqueles que
lembravam momentos bons e ruins. Demorou algumas horas, mas a moça pôde
revisitar muitas fases diferentes de sua vida, senti-las, chorar, observar o
que pensava e como via o mundo em diversas épocas, e finalmente jogar tudo
fora.
Após toda essa experiência com seu passado,
estava se sentindo diferente. Sentiu-se mais tranquila, mais leve e mais livre
de tudo. Sentia, pela primeira vez em muitos anos, uma paz que a preenchia por
inteiro.
Alguns dias depois, foi novamente visitar seu
pai e contou todo o ocorrido.
O pai virou-se para ela e disse:
- Filha, quando você me perguntou como fazia
para conseguir paz em sua vida, eu te dei a resposta, e você iniciou esse
processo. Desfazendo-se de alguns objetos do passado, você pôde seguir os sete
passos da libertação.
- Eu segui? - Perguntou a filha surpresa. – Mas
que passos são estes?
O pai respondeu:
- O primeiro passo é agir para resolver um
problema. No caso, você sentia a intranquilidade, e começou a buscar uma
solução para isso. A ação que procura solucionar um sintoma e entender que
precisamos nos libertar disso. Essa é a fase do início da busca.
- O segundo passo é localizar a fonte do
problema. Em sua casa, você procurou os objetos que teria que jogar fora. Isso
equivale, no plano emocional, a buscar o local exato da origem do problema.
Essa é a fase da localização.
O terceiro passo é rever o problema e senti-lo
intensamente como se ele estivesse ocorrendo agora. Cada pertence que você
encontrou, vieram lembranças muito emocionais, você recordou cenas e
acontecimentos e colocou para fora os últimos resquícios desses sentimentos.
Ninguém se liberta de alguma situação não resolvida ou de alguma experiência
mal digerida do passado se não a sente novamente. Essa é a oportunidade de
liberar das emoções acumuladas.
O quarto passo é desapegar-se daquilo. Algumas
pessoas relembram o passado, mas como ainda continuam apegadas a ele,
permanecem presas. No momento que você o jogou fora, você consolidou que não
precisava mais daquilo e se desfez do que te prendia. No plano interior, o
desapego não é exatamente uma ação, mas uma escolha.
O quinto passo é perdoar qualquer mal ou
prejuízo que o passado tenha nos causado. Isso implica no perdão de maus
tratos, ofensas, agressões, frustrações, etc. Quando você pegou as cartas de
ex-namorados, você já estava tranquila interiormente e pôde perdoa-los de
qualquer mal que tenham feito a você. Se não tivesse perdoado, ainda estaria
apegada a eles de alguma forma. É importante perdoar o algoz, mas também
perdoar a nós mesmos por termos errado. O perdão dos próprios erros é
fundamental; Afinal, somos todos imperfeitos e estamos sempre sujeitos a erros.
O sexto passo é tentar entender porque tivemos
que experimentar aquilo. Qual o motivo daquele sofrimento, daquela dor, daquela
doença, ou de qualquer mal que nos acometeu. Que responsabilidade tivemos em
sua produção? Após rever nossa responsabilidade nisso, é importante
arrepender-se de qualquer mal feito e também pedir perdão a nós mesmos. Rever o
passado nos ajuda a chegar ao sétimo e último passo.
O sétimo passo é o aprendizado final. Toda experiência
deve ser transformada em aprendizado. Ela deve trazer um significado para nós,
e isso deve servir para evitar erros futuros. O aprendizado é a libertação
final do passado, pois ele evita que os erros do passado sejam reeditados em
novas formas no futuro. Lembrando sempre que os erros passados que não foram
aprendidos podem ser repetidos num futuro próximo ou distante. Portanto, o
aprendizado é fundamental e é o último passo para a libertação e para o
encontro com a paz.
Do Autor Hugo
Lapa
Grande ensinamento. Aprendi muito hoje. Saindo para arrumar meu passado e, correndo para viver um lindo futuro em paz!
ResponderExcluirA sabedoria e um apreendizado dos erros para melhorar o futuro deste modo vivedenciamos o desfiando do novelo da prosperidade da paz .
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